“Quer conhecer o verdadeiro caráter de homem, dê poder a ele”. A célebre frase de Abraham Lincoln segue cada vez mais atual. Exemplos de mudança não nos faltam, sobretudo quando voltamos o olhar aos nossos representantes políticos.
Quando em campanha, atacam aqueles que antes de si incorreram na mais grave de todas as faltas a quem se propõe administrar o que é público; a malversação dos recursos do erário. Quando investidos de poder, são acometidos de súbita amnésia que lhes deixam órfãos do bom senso e se não repetem comportamento outrora atacado, se encarregam de desmandos ainda mais graves.
Quem acompanhou a posse da atual Presidente do Legislativo sinopense e os discursos que a este seguiram, devem ter encontrado identificação entre personagem e comportamento exposto nas linhas acima. A lembrar, Sinéia baixou em 26 de fevereiro do ano passado, a portaria 061/2007 que suspendia imediatamente o pagamento de quaisquer despesas que estivessem empenhadas ou não, bem como determinando que não se procedesse empenho de qualquer nota fiscal que tivesse como origem o pagamento de despesas da construção do novo prédio da Câmara. A louvável decisão foi ainda mais longe. A mesma portaria foi responsável por criar comissão de sindicância para apurar possíveis irregularidades na construção da nova sede. À época, declarou textualmente, “Queremos transparência, e através da comissão composta pelos vereadores Cleuza Navarini, Jorge Muller, Zuleica Mendes e Valdemar Júnior, será contratada uma equipe que fará uma avaliação técnica dos custos, da qualidade dos materiais da construção da obra e do valor necessário para o seu término, após os pareceres da comissão, serão tomadas as medidas necessárias”.
Exatamente 13 meses após iniciar investigação na obra já chamada de Elefante Branco, Sinéia anuncia: “A parte externa da Câmara vai ficar muito bonita. Será na verdade uma praça, um local onde as pessoas possam ir e se orgulharem por ter uma obra tão linda na cidade”.
A reação ao anúncio não poderia ser outra senão a de um só coro de insatisfação da população e dos vereadores; afinal, o jardim, ou praça como queiram, custará a bagatela de R$ 829.000,00.
É assim.
Quando o poder sobe à cabeça decepa-lhe a razão; e, o poder sem cabeça cai em desgraça como um poder sem pudor.
Clayton Cruz é radialista em Sinop e editor do Blog www.imprensando.com.br.