Cidade verde, um risco moreno, um coração comprido regado pelas maravilhas do Cuiabá e Cóxipo. Conheço a tua topografia diversificada e sei onde tu começas. São não sei onde tu terminas.
Cuiabá das paisagens de um verde intenso e dos ipês que se esparramam por ela afora. Uma cidade preocupada com o presente, com as raízes no passado e com os olhos no futuro.
Eu te conheço, Cuiabá. Conheço a tua primavera, a tua natureza, as tuas ruas e casarões. Conheço a tua hospitalidade e sei que tu és o encontro do Brasil. Há em ti Cuiabá, as marcas dos sulistas, mineiros, goianos, nordestinos, paulistas, e de tantos outros, do Oriente ao Ocidente, que tu acolhes e tudo fazem por ti.
Cuiabá de um quadro histórico-cultural vivo e muito rico. Da festa de São Benedito, das danças do Cururu e Siriri, da viola de cocho, do rasqueado e do sertanejo. Cuiabá das construções centenárias, da igreja de Nossa Senhora do Rosário e do Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, do Sesc Arsenal e do Palácio da Instrução, do Liceu Cuiabano e do Cine Teatro.
Cuiabá, conheço o teu povo, conheço a tua língua, conheço suas peculiaridades! Ser cuiabano é falar “vote”, “agora quando”, “cordeiro”, “tchá por Deus” e outras inúmeras cuiabanisses…
Ser cuiabano é ser fã do Pescuma, Henrique e Claudinho. É tomar guaraná ralado pra despertar. É abrir mão do lanche da tarde a favor do “tchá o bolô”. É comer Maria Izabel, ventrecha de pacu, farofa de banana e arroz com pequi. É tomar um escaldado no choppão no final da noite. É subir a Getúlio e descer a Issac. É morar no Coxipó, Centro, Baú, Goiabeiras, Porto, Dom Aquino, Bosque da Saúde ou CPA. É torcer para o Mixto e se emocionar de ser sub-sede da Copa do Mundo. Ser cuiabano é ser conterrâneo de Marechal Rondon, Dom Aquino Corrêa ou Eurico Gaspar Dutra.
Cuiabá, eu te conheço. Conheço os teus homens e tuas mulheres, que labutam em casa, nas escolas, no comércio, nos bancos, nas universidades e repartições públicas. Eu conheço também Cuiabá, os que querem trabalhar, mas não têm emprego. Os que precisam de escolas, mas não têm escolas. Os que precisam de saúde, mas não têm saúde. Os que precisam de casa, água, luz, limpeza, mas não tem nada disso…Eu penso naqueles, mas penso nestes muito mais.
Cuiabá, conheço a tua juventude. Juventude inquieta, renovadora, contestadora, livre e consciente daquilo que quer. Preocupa-me o depois da universidade, mas o que me preocupa fundo são os que não chegaram às universidades, às escolas secundárias, os que nem sequer chegaram à escola primária – não tiveram o primário direito de ler e escrever.
Cuiabá eu te conheço e tu me conheces também. Já me destes muito! Presenteais-me desde os meus 17 anos de idade, me acolhestes com os braços abertos adotando-me como se filho verdadeiramente fosse, e me legitimando a encher o coração e poder exclamar: PARABÉNS CUIABÁ!!!.
Thiago França – advogado em Cuiabá