“Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é o jeito de caminhar”.
Thiago de Mello
Nos últimos cinco meses vivi uma das mais significativas e gratificantes experiências de minha vida. Foi durante esse período que disputei a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso. Foram dias de muito trabalho, dedicação e angústias. Enfrentamos, sem muita estrutura, uma máquina poderosa, comandada com extremo pragmatismo — inclusive eleitoral — pelos seus atuais mandatários. As dificuldades, em muitos momentos, se sobrepuseram aos avanços da dura caminhada. Mas, passo a passo, mantivemos a firmeza e a convicção sobre a nobreza de nossos propósitos e cumprimos com êxito nossa missão.
Ao final, cansados e calejados pela jornada, respiramos aliviados e orgulhosos pelo significativo resultado: 1.365 votos de confiança conquistados — ou 38% dos votos válidos. Felizes, nos sentimos revigorados pelos amigos, correligionários, colegas e simpatizantes que depositaram em nosso nome a esperança de ver uma Ordem diferente, mais transparente e próxima de toda a classe.
Passado o turbilhão pós-eleitoral, e ainda nos refazendo de algumas feridas, chegamos a algumas conclusões. Talvez a mais importante seja constatar que a OAB-MT foi a maior vitoriosa ao cabo desse processo. A instituição venceu o pleito e adquiriu mais musculatura em meio a um verdadeiro processo de depuração que, além de estimular a reflexão de toda a categoria, obrigou o grupo que a comanda há nove anos a repensar algumas de suas práticas usuais.
E isso se deveu, façamos justiça, principalmente à coragem e coerência de toda a oposição, que através de fatos evidenciou as incongruências e os deslizes da atual gestão, cobrando uma administração mais focada, altiva e compromissada com os reais interesses dos advogados.
Por isso, esperamos que a próxima gestão da entidade, imbuída de bom senso e autocrítica, saiba respeitar também os advogados que optaram pela mudança, assim como valorizar as propostas da oposição, colocando-as — num ato de despreendimento e maturidade — em prática. Cremos que esse seja um passo fundamental para fazer da Ordem uma ferramenta cujo objetivo principal seja garantir e melhorar as condições para o efetivo exercício profissional da classe.
Nesse sentido, faço mais uma vez o apelo: basta de manobras políticas! Basta desse autismo administrativo, que só faz beneficiar interesses de poucos! Queremos uma OAB apartidária, plural e de volta para os advogados!
Aproveito este nobre espaço para deixar claro que, de nossa parte, o clima eleitoral ficou para trás. Como democratas, nos curvamos à vontade das urnas e nos colocamos à disposição para colaborar naquilo que for de interesse da Ordem. Só não esperem da oposição e de mim uma coisa: o adesismo fácil e interesseiro, prática infelizmente comum até em instituições como a nossa.
Além disso, exerceremos permanentemente o senso crítico e as prerrogativas inerentes à oposição, que a partir de agora se revela ainda mais unida e apta a exigir os avanços da Ordem. Já iniciamos, inclusive, uma série de consultas à classe para formatarmos um documento que será encaminhado à atual diretoria. Nesse documento reivindicaremos uma série de ações que resultem em mais transparência e participação efetiva da classe na tomada de decisões e nos rumos da entidade.
Para concluir, quero agradecer. Agradecer de coração a cada um daqueles que fizeram da nossa campanha um marco de resistência, um instrumento propositivo e também de protesto. Não nos consideramos derrotados; não há clima de tristeza entre a oposição. Lutamos de forma digna, ética e sempre respeitando os limites da democracia. Por isso, nossa luta e nossos ideais não foram em vão. Ao contrário, valeram — e muito! E permanecerão em nossos espíritos e consciências enquanto houver a certeza de que a Ordem dos Advogados do Brasil poderá ser uma instituição muito maior, mais próxima e mais efetiva para o correto exercício profissional de todos os advogados de Mato Grosso.
Paulo Taques é advogado (e-mail: [email protected])