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Opulência e pobreza na América (3)

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O título desta reflexão poderia, perfeitamente, ser "A cara da pobreza nos EUA". Todavia, continua com o mesmo título das reflexões anteriores por se tratar de uma série sobre um tema que está na ordem do dia tanto nas discussões políticas, econômicas e sociais quanto no noticiário da mídia. Diferente do Brasil e de vários outros países do terceiro mundo onde a economia informal representa uma estratégia individual ou familiar para escapar das agruras da pobreza e da miséria, principalmente em épocas de crises econômicas e financeiras, nos EUA e em vários outros países do primeiro mundo, esta "alternativa" não existe. As duas únicas formas de minorar o sofrimento de milhões de famílias que acabam caindo na pobreza e na miséria são o seguro desemprego e a caridade de organizações religiosas e da sociedade civil.

Mas tudo isto é apenas uma forma paliativa de encarar o desafio. Todos reconhecem que a forma mais efetiva de superar a pobreza e miséria é via oportunidades de trabalho, através das quais as pessoas podem se libertar dessas formas aviltantes devida, incluindo os vários tipos de políticas compensatórias. Por esta razão a grande discussão do momento gira em torno dos mecanismos e estratégicas de criação de oportunidades de trabalho, via crescimento econômico sustentado com projeções para médio e longo prazo. Os debates entre os prováveis candidatos do Partido Republicano e também na agenda do Presidente Obama é em torno do emprego, como gerar milhões de postos de trabalho a curto prazo, como governos Federal, Estaduais e locais juntamente com as empresas podem enfrentar este desafio e colocar a economia novamente nos trilhos.

Conforme já referido anteriormente e comprovado por vários estudos e pesquisas de natureza demográfica, econômica e social, a pobreza afeta diferentemente os diversos grupos raciais e de renda. Entre os anos de 2000 e 2010 a composição racial da população americana mudou muito e isto deverá continuar ocorrendo nas próximas décadas. Ou seja, a cara da população, em termos de traços físicos e origem étnica, está mudando rapidamente nas últimas décadas.
A população branca (de olhos e pele claros) que era de 75,1% em 2000 passou para 63,7% em 2010; a população negra/afro descendente praticamente permaneceu igual 12,3% em 2000 passou para 12,2% em 2010; os descendentes de asiáticos passaram de 3,6% em 2000 para 4,7% em 2010. Quem mais cresceu no período foram os hispânicos ou latinos que passaram de 12,5% em 2000 para 16.3% em 2010, com projeção de atingirem 20% em 2020.

Quando se trata da pobreza a mesma atinge de forma mais intensa os grupos minoritários. Em 2000 apenas 9,3% dos brancos estavam vivendo na pobreza, passando para 10,6% em 2010. Neste mesmo período os negros vivendo na pobreza passaram de 25,3% para 27,1%; os asiáticos de 10,7% para 12,5%; os latinos de 21,5% para 24,8%, e os nativos (indígenas americanos) de 26,6% para 28,4%.

Vale ressaltar que em termos globais o índice de pobreza, pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, era de 18%, ou seja, 46,3 milhões de pessoas. Portanto a cara dessa pobreza está bem identificada são grupos que ao longo de décadas sempre estiveram excluídos do processo de desenvolvimento do país, uns pela sua origem na escravidão e no racismo, outros marginalizados pela forma de aculturamento ou ajustamento racial e imigratório.

Todos esses grupos fazem parte dos estratos inferiores da sociedade quando se trata da divisão do bolo econômico e financeiro. Isto pode ser confirmado pelo perfil da distribuição de renda. Os 5% mais ricos da população em 1970 apropriavam de 16,6% da renda nacional e em 2009 este percentual era de 21,7%; enquanto no extremo oposto, os 20% mais pobres da população em 1970 detinham 4,0% da renda nacional e em 2009 este percentual havia caído para 3,4%. Isto demonstra que os ricos estão ficando mais ricos e os pobres mais pobres. Uma realidade muito complicado para um pais que vive também em meio a tanta opulência e riqueza!
Voltarei ao tema com outras reflexões proximamente!

Juacy da Silva – professor universitário, mestre em sociologia, colaborador de Só Notícias
[email protected]

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