quinta-feira, 2/maio/2024
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“Onde estava Deus naqueles dias?”

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oi a forte exclamação que saiu dos lábios do Papa Bento XVI, dentro do campo de concentração onde mais de um milhão de seres humanos foram mortos brutalmente.
A expressão causou certa apreensão a muitos que não entenderam o grito de dor que brotou de um coração humano bávaro, de um Papa alemão cujo estigma é a frieza diante da dor.
Uma pastora presbiteriana tentou responder dizendo que É o “homem está longe de Deus.” Outros disseram ser uma tentação humana querer que Deus explique as coisas a nós criaturas.
Tento eu também dar minha interpretação e o faço a partir de Bento XV que regeu a Igreja no Período de 1914-1925. Este Papa, após o tratado de paz tomou conhecimento dos estragos da guerra de 1914-1918. Cidades destruídas, templos demolidos, famílias estraçalhados onde os pais morreram e as crianças ficaram órfãos e sem alimento. Bento XV imediatamente ordenou que nas orações litânicas se rezassem três vezes a invocação”Regina Pacis, ora pro nobis” e pediu ao artista Giulio Galli para fazer uma imagem da Mãe de Deus que fosse invocada como “Regina Pacis”. O artista esculpiu a imagem e a entregou a Bento XV que a colocou na Catedral do Papa em Roma, na Santa Maria Magiore. ( A mesma imagem que está no Santuário Shalon – Chácara Shalon ) Sinop.

Bento XV, foi o Papa que convocou o povo a invocar Nossa Senhora Rainha da Paz, para que nunca mais o povo europeu vivesse os horrores da guerra.
Nos primeiros discursos do novo Papa – Cardeal Ratzinger Josef dizia que sua missão é dar continuidade a missão de Bento XV, a busca da Paz. Colocado neste contexto entendemos a exclamação dolorosa, que saiu da boca de um homem, que não se negou a cruzar os portões por onde milhares de alemães entraram para campo de concentração do Terceiro Reich o portão da morte, Bento XVI dizia que sua peregrinação não é apenas como Papa, mas, como um “filho da Alemanha.” Onde sobre seus ombros, hoje revestidos de vestes brancas carrega também as manchas do sangue derramado, inocentemente de tantas pessoas. Diante deste cenário, onde ainda paira o “cheiro” da fumaça dos corpos queimados, junto ao povo que com ele estava na peregrinação, Bento XVI mostrou sua grandeza de coração humano, sensível à dor e entre lágrimas, de seus lábios saiu a angustiante prece à semelhança de Jesus na Cruz “ Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” Mt 27,46.
Nem sempre nossa oração é de súplica, de gratidão, de louvor. Há momentos que o silêncio grita e incomoda. Deus diante da violência se cala. Deus diante dos gritos, dos assassinos, dos carrascos que seqüestram e matam se cala porque Ele está com as vítimas que não podem falar. Seu silêncio não é de omissão, mas, de amor compadecido, de perdão. Amor que pode tudo, mas, que não pode pagar a violência com violência, porque Ele, o Senhor O AMOR, A PAZ.

Dom Gentil Delazari – Bispo Diocesano de Sinop

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