É só ligarmos a TV e lá está ela, a crise. Nos últimos dias estamos assistindo às mais variadas nuances dessa crise que está se alastrando desde os EUA para o mundo, e muitos analistas dizem: MARX está realizando a sua profecia, visto que o modo de produção capitalista acabaria por destruir as suas próprias fontes de riqueza: O Ser Humano e a Natureza e, coincidentemente, essa destruição está se materializando com as altas taxas de lucro em poder de poucos. Já para outros analistas KEYNES tinha razão, pois num dado momento da economia a mão invisível do mercado, por si só, já não resolveria todos os problemas, haveria sim a necessidade de intervenção do estado na economia.
Ora, qual é mesmo a origem dessa crise? Desde o ano de 2001 estamos vendo profecias do tipo: Depende do pouso da Águia – se porventura esse pouso for suave, certamente não haveria maiores problemas, mas, se ao contrário, esse pouso for com certa turbulência, e aí mora o perigo, as conseqüências seriam aterrizadoras, então, coitado de nós outros. E o que assistimos? A tal da nova economia, chamada virtual, começando a fazer estragos na economia real. E a partir daí, sim, mexe comigo, com você e com a sociedade de uma forma geral. Pois o mercado governa tudo, a globalização internacionalizou tudo, o mundo virou um grande Big Mac, dita estilos de vida, consumo, enfim, tudo virou mercadoria. E essa crise, ao contrário do que alguns dizem, não é somente uma marolinha!!! Ela vem em ondas e ondas gigantes, portanto temos que fazer o dever de casa urgente!!! mesmo que tardiamente – para que a nossa economia não seja literalmente patrolada.
O incrível é que ainda vivemos sob a égide da “religião mercadoria”, o dinheiro pode tudo, compra tudo, move o céu e a terra e o mercado toma decisões pelas nossas indefesas consciências.
E a propósito, nesse momento em que comemoramos o Natal, vimos a propaganda, sempre ela, uma espécie de evangelização que promove boas noticias, gente “alegre”, “felizes” e por que não dizer “bem sucedidas” – são associadas a mercadorias, e lá vamos nós gastarmos os nossos parcos salários em bugigangas, atolarmos no cartão de crédito, fazer crediário a perder de vistas, Pois é. Simone já dizia “Enfim é Natal”!!!
Como bem diz Leonardo Boff: “A grande festa dessa religião é o Natal. Ela reúne todas as características de festa religiosa. É a celebração das mercadorias nos Shopings enfeitados e na ceia natalina, onde deve haver comida e bebida à sociedade como em toda festa religiosa.”
Ah!!! Já ia me esquecendo, tem a CRISE e só para não esquecer, desculpe a redundância, a função primeira da Economia como Ciência Econômica é saber gerenciar crise, ou seja: Gestão de Crises. Portanto, precisamos olhar com muito cuidado a situação atual – sob a ótica humana depois da crise de 29, esta não tem precedência, mas, parafraseando Pierre Trilhard de Chardim logo após a grande depressão: “A idade das Nações já passou – se não quisermos morrer, é a hora de sacudirmos os velhos preconceitos e reconstruirmos uma nova mentalidade”. E isso inclui não sermos levados pelos impulsos natalinos de exacerbarmos no consumo como pretexto de estarmos “comemorando o natal de Cristo”, muito ao contrário, devemos exacerbar sim, o nosso amor, a nossa fraternidade, a nossa solidariedade, a nossa compreensão ao próximo, enfim, como disse certo fazendeiro: “Vamos juntar tudo isso e colocarmos dentro de uma pá e assim jogarmos uma pazada no depósito de DEUS e ele, por sua vez, jogará uma pazada no nosso”. E olha que DEUS tem uma pá bem maior!
Resta-nos Dizer: Pai afasta de nós essa crise!
Epaminondas Antonio de Castro é economista formado pela UFMT e técnico da Secretaria de Estado de Fazenda