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O engodo da Copa de 2014

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Desde que o procurador aposentado Carlos Orione foi entronizado na Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), há quatro décadas, nunca mais o futebol profissional foi o mesmo. Virou sinônimo de decadência.
Considerar a modalidade amadora é insultar aqueles que, nas periferias, se dedicam com prazer, e sem ganhar um tostão, ao ofício. Culpar apenas o “doutor” Orione pela falência do nosso futebol talvez seja injusto. Afinal, a cartolagem também tem culpa, pois, ao longo dos anos, não só afundou os clubes, mas colaborou para o citado dirigente se perpetuar no poder. Instalou-se uma ditadura na FMF.
A maioria dos clubes faliu, outros estão em situação pré-falimentar. O campeonato estadual é um fracasso. E os torneios caça-níqueis viram palanques eleitoreiros, bancados com o dinheiro do contribuinte. Dessa tragédia, só se salva o estádio Verdão, mas como mero cartão-postal, pois, há muito tempo, deixou de ser palco de grandes espetáculos.

Ainda assim, uma curiosa “tradição futebolística do Estado”, com a apresentação dos times profissionais (?), é um dos trunfos que o Comitê Pró-Copa do Mundo do Pantanal 2014 apresentou a uma comissão da Fifa, dias atrás, para respaldar a luta visando fazer de Cuiabá uma das 12 subsedes da competição. O comitê parece não ter levado em conta uma questão crucial no contexto de um evento de tamanha dimensão como esse: a infra-estrutura.

A verdade é que o passaporte para o Brasil sediar a Copa de 2014 já está praticamente carimbado pela Fifa. Isso será confirmado nesta terça-feira (31), em Zurique (Suíça), diante de uma platéia formada pelo presidente Lula, ministros, governadores (entre os quais, o mato-grossense Blairo Maggi) e dirigentes esportivos brasileiros. Contudo, algumas exigências vitais ainda serão consideradas e serão fatais no momento ma hora de bater o martelo.

Na sexta-feira passada, por exemplo, foi divulgado um resumo do relatório de inspetores da Fifa sobre a candidatura brasileira ao Mundial-2014. Nota-se que a entidade ignorou alguns problemas crônicos de infra-estrutura e em outros setores onde o país apresenta falhas gritantes, como o aéreo (taí o “apagão” como mau exemplo) e o rodoviário, além de hotelaria e serviços médicos. Mas, isso só vale para algumas capitais, pelo que se lê no documento.
Com efeito, a conclusão final é que a avaliação da Fifa sobre o Brasil praticamente elimina seis cidades da disputa para receber a Copa 2014. O relatório simplesmente diz que, no capítulo sobre transporte urbano, Florianópolis, Maceió, Natal, Rio Branco, Campo Grande e Cuiabá não têm capacidade de serem cidades-sedes. Em comum, elas têm o ônibus como principal meio de transportes, mas o sistema é precário.
A viagem do governador Maggi e dos secretários de Esportes, Baiano Filho, e de Turismo, Pedro Nadaf, à Suíça, pelo que se depreende desse relatório, terá sido em vão. Quando nada, serviria apenas para reforçar o cacife político que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, buscou amealhar quando iniciou a campanha pelo direito de o Brasil sediar a competição mundial. A cada eliminação das cidades, a ser anunciada na terça-feira, ele dirá que é decisão exclusiva da Fifa. Ricardo Teixeira faz escola como “imortal” na CBF. O presidente da FMF, Carlos Orione, é um dos seus mais brilhantes alunos: vem levando os cartolas, os clubes e até os torcedores na base da conversa fiada.
Posso até queimar a língua, mas acho que, dificilmente, Cuiabá vai sediar jogos da Copa do Mundo-2014. Deve se contentar com os jogos da “Copa Governador” e de similares. E olhe que já é muita coisa…

Em tempo: A escolha de Cuiabá como subsede poderia ser uma questão de caráter político. Mas, se depender da gloriosa bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional, não sediaremos nem copa de palitinho.

ANTONIO DE SOUZA é jornalista em Cuiabá.

[email protected]
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