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O dilema da Dilma

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Por tudo o quanto se tem dito e feito, não resta dúvida: a Dilma será candidata à reeleição.
Inflação em alta (6,59% em março de 2013) com baixo crescimento econômico (0,9% PIB em 2012) derruba qualquer discurso. Se as oposições souberem explorar as inconsistências do sistema terão um discurso bastante contundente.
Os sintomas do sistema econômico se comunicam e se integram. E para o caso em questão, inflação alta e baixo crescimento, a adoção de qualquer remédio para combater um dos sintomas provocará efeitos colaterais no outro.
O dilema da Dilma está em decidir por manter a alta popularidade atual, esperando que traduza em votos nas próximas eleições, mesmo correndo o risco de a situação econômica se agravar e colocar em risco sua reeleição, ou aplicar, de imediato, os remédios indicados pela ortodoxia econômica, ainda que isso lhe traga algum desgaste popular de imediato.

Inflação é um fenômeno que decorre de um desequilíbrio do sistema econômico. No caso brasileiro observa-se que existe excesso de demanda, ou seja, muito dinheiro em circulação, que está forçando um aumento generalizado dos preços. Há excesso de moeda em circulação, isso é fato. Três motivos: aumentos do salário mínimo acima da capacidade produtiva, excesso de gastos federais não produtivos e excesso de crédito, com parcelas a perder de vista.
A demanda pelo consumo de bens e serviços tem crescido a uma velocidade superior ao crescimento da oferta, o que resulta em excesso de demanda. Vale dizer, a capacidade produtiva do Brasil não consegue acompanhar tanta moeda em circulação.

É preciso, pois, diminuir o excesso de moeda em circulação e o único remédio, preconizado pela ortodoxia econômica, e com resultado comprovados, é o controle da liquidez do sistema, através da administração das taxas de juros. O efeito colateral dessa medida é a redução no crescimento econômico, que já está baixo.
Ao invés de combater a inflação, com os remédios adequados, o governo pode optar por continuar a fazer o que tem feito, combatendo os efeitos e não as causas, através de uma política de rendas, com os resultados pífios apresentados até agora.

A desoneração dos tributos da cesta básica, a retirada da CIDE dos combustíveis, a redução das tarifas de energia elétrica, a manutenção da redução do IPI dos carros, a prorrogação dos aumentos dos combustíveis, etc., que se pretendia impedir um aumento nos preços, têm atuado na contramão dos fatos, ou seja, têm servido como estímulo ao consumo.

Essas medidas populistas são meros paliativos. Permite uma convivência com a doença, mas sem curá-la. A economia não reage, não cresce, não se sustenta, mas a inflação também não explode. E assim vai se chegando até as eleições sem muitas marolas, sem muitos prejuízos para a almejada popularidade da presidente, prioridade absoluta do governo.
Passadas as eleições, prepara o couro, porque a chibata virá com certeza. O governo não terá outra saída senão tomar medidas duras e necessárias para combater a crise que os sintomas estão anunciando.

Waldir Serafim é economista em Mato Grosso
[email protected]

 

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