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O campo desprotegido

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Ocupei recentemente a tribuna da Câmara Federal para me manifestar, mais uma vez, em defesa do setor agrícola. Vivemos um período crítico na nossa produção no campo, diante da queda acentuada do dólar, e defendo a necessidade de o governo federal incluir a agricultura no rol dos segmentos da economia beneficiados com medidas preventivas.

A queda do dólar está mudando o mapa agrícola do Brasil. As regiões do Sul voltam a ser as mais rentáveis para exportação, contrariando dados que apontavam o Centro-Oeste como o Eldorado do agronegócio, nos últimos 15 anos, em razão das terras férteis e preços mais em conta.

Os números são claros. Com o dólar inferior a R$ 2,00 o lucro do produtor de milho, por exemplo, no norte do Paraná, fica em 28% do preço de exportação, já com os gastos com frete, enquanto que em Rio Verde, no estado de Goiás, com o custo do frete, os ganhos ficam em 8,5% com a exportação.

Estudos da Companha Nacional de Abastecimento (Conab) demonstram que, ao se comparar a área cultivada com grãos nas safras de 2004/2005 e 2006/2007, constata-se um decréscimo de 11,5% na região Centro-Oeste e de 3,9% na região Sul do País.

E como se não bastasse o problema em razão do câmbio em baixa, o agricultor brasileiro enfrenta ainda a péssima infra-estrutura viária, com estradas destruídas, o frete mais caro do mundo, barreiras protecionistas e o alto custo da produção, em virtude do preço dos insumos e dos combustíveis, capacidade estática de armazenagem e elevadas taxas portuárias.

O PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, falha, por não contemplar um modelo econômico que abranja o programa da Agricultura Familiar e a reforma agrária. Além de mostrar-se, também, alheio aos projetos do transporte intermodal, com as hidrovias e ferrovias.

Defendo, no Congresso, a formação de uma frente parlamentar suprapartidária, no sentido de proteger a agricultura brasileira. O setor agrícola é o que mais gera emprego, e carrega o país nas costas, propiciando o equilíbrio da balança comercial e garantindo superávites.

Os banqueiros, neste país, têm uma proteção incomensurável, onde os lucros são assegurados de forma maravilhosa. O mesmo, no entanto, não ocorre com a agricultura, assim como a educação, que são setores fundamentais para o país, mas que não recebem a atenção devida.

Precisamos sacudir a República para um novo modelo federativo. A política econômica carece de uma outra feição que promova o desenvolvimento acelerado da economia, sendo que a principal mudança deve ser na questão dos juros. A medida resultaria em maior desenvolvimento para o país, com novas linhas de investimentos e geração de emprego e renda.

A região Centro-Oeste, e nesse contexto o Estado de Mato Grosso, tem uma participação expressiva na produção nacional da agropecuária. Na agenda do agronegócio, caminha para ser um grande produtor e distribuidor de biodiesel.

O governo federal precisa, portanto, proteger a agropecuária brasileira, oferecendo segurança aos produtores contra as oscilações do câmbio, para manter o crescimento no ranking das exportações.

carlos Bezerra é ex-governador de Mato Grosso, é deputado federal (PMDB-MT)

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