Poucos dias após a anúncio feito por Bento XVI, que chocou o mundo e deixou mais e um bilhão de católicos sem entender nada, de que iria (como realmente vai) renunciar `as suas funções de sumo pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, eu escrevi um artigo intitulado "Um Papa Negro?". Naquele artigo que foi veiculado em vários jornais, sites e blogs, demonstrei, segundo informes da grande imprensa interncional, que existem diversos prováveis candidatos, incluindo dois negros, que poderiam ser escolhidos como o futuro Papa.
A revista semnal Times, versão em inglês e que circula nos EUA e Europa desta semana, mas com data de 25 de fevereiro, traz como reportagem de capa um interessante e extenso artigo (cinco páginas) sobre os meandros que cercam não apenas a escolha do successor de Bento VI quanto outros aspectos demográficos, geopolíticos e estratégicos da Igreja Católica e aponta também sete cardeais dentre os quais um pode ser o escolhido para o Trono de São Pedro.
O único que em meu artigo não mencionei foi o Cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, de 70 anos, de Honduras, um critico mordaz da atuação violenta do crime organizado e da corrupção nos governos, incluindo seu país e diversos países do mundo (onde o Brasil, país com o maior número de católicos faz parte).
Tanto o Cardeal Peter Turkson, de 64 anos, de Gana, Presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz do Vaticano quanto o Cardeal Oscar Rodriguez, independente da cor da pele ou de suas origens geográicas, estão comprometidos com aspectos fundamentais que podem mudar a face da Igreja Católica nos próximos anos, incluindo questões como direitos humanos, combate `a corrupçao, direito das minorias, etc.
Todavia, um ou talvez o maior desafio do novo Pontífice seja um reavivamento da fé católica em todos os países, principalmente onde a Igreja está perdendo seus fiéis para outras religiões, principalmente para as denominações pentecostalistas, ou para outras como islamismo, budismo ou mesmo para o ateismo.
Para que tal desafio seja enfrentado e tenha sucesso a Igreja terá que apagar de sua história práticas imorais e anti-éticas como os escândalos sexuais, uma maior transparência em sua gestão financeira e encarar de frente questões como o aborto, das preferências sexuais, do celibato e outras tantas que contribuem para afugentar seus fieis.
O diálogo inter-religioso, o ecumenismo e questões temporais como as imigrações internacionais, as guerras e conflitos armados em várias partes do mundo, as crises econômicas e financeiras que abalam o mundo capitalista, a pobreza e miséria que ainda rondam bilhões de pessoas, a corrupção governaental , a violência, tráfico de drogas, de armas e de pessoas, são apenas alguns desses graves desafios que estão `a espera do successor de Bento XVI.
Afinal, o Papa, além de ser a autoridade maxima para 1,2 bilhões de fiéis espalhados pelo mundo todo, é também Chefe de um Estado "sui generis" temporal, e, nesta condição um lider politico com grande autoridade moral para ajudar a construir um mundo melhor, com justiça, paz e dignidade para todas as criaturas de Deus e não apenas um guardião da fé cristão e católica ou o successor de Pedro, em Roma! Com certeza, os cardeais que irão escolher o novo Papa são homens experientes, bem preparados e conhecedores plenos da realidade em que vivem seus fiéis, principalmente os que compõem as grandes massas de excluídos aqui na Terra
Entendo que o reino de Deus começa aqui na terra, com mais faternidade, justiça e melhor distribuição de renda, dos bens e serviços produzidos pelas economias dos vários países. Esquecer esta realidade é transformar toda e qualquer religião em um instrumento de alienação e de defesa dos privilégios e das camadas dominantes em todas as nações. Imagino que Deus não deve ficar satisfeito e feliz em meio a tanto sofrimento humano!
Juacy da Silva, professor universitário, UFMT, meste em sociologia,colaborador de Só Notícias. [email protected] Blog www.professorjuacy.blogspot.com