As regiões norte e noroeste de Mato Grosso representam uma das maiores do Estado, tanto em população, como em território, como em indicadores econômicos. Tem um dos maiores potenciais de desenvolvimento econômico e humano, mas também enfrenta alguns dos maiores problemas de todo o nosso imenso Estado.
As duas regiões citadas formam o chamado Nortão de Mato Grosso, que compreende toda a faixa de terra acima do Paralelo 13, tendo como limites o Xingu e os estados do Pará, Amazonas e Rondônia. No total, são 40 municípios, que totalizam uma população de 599.154 habitantes, correspondentes a 21,37% do Estado.
Possuímos parte de nossa vegetação formada por Cerrado, outra por mata de transição, e a grande maioria pela Floresta Amazônica. Temos uma grande parte das áreas agricultáveis de Mato Grosso, e fomos responsáveis, durante o boom do agronegócio, pela produção de muitas divisas para o Estado, incrementando o nosso Produto Interno Bruto. A propósito, o peso do Nortão no PIB de Mato Grosso, em 2005, foi de 17,71%.
Entretanto, não vivemos às mil maravilhas no Nortão, em que pese tanto peso econômico e tanto potencial produtivo. A crise do agronegócio, experimentada mais duramente nos últimos dois anos, resultou numa contra-revolução no ritmo de crescimento que vínhamos registrando. A face mais cruel, todavia, dessa débâcle, foi a mal fadada Operação Curupira – de inspiração fascista e instabilidade institucional -, que quebrou o setor madeireiro, provocando uma cadeia de prejuízos a milhares de empresas e dezenas de milhares de trabalhadores, logo, de famílias.
Somos fortes, contudo. Do mesmo espírito de ousadia que desbravamos o então inóspito Nortão, fazendo erigir ali centros de progressos de prosperidade em tempos passados, nos imbuímos agora para encontrar novos caminhos para superar essas dificuldades, estabelecendo novos desafios, e construindo novas soluções.
É essa a gênese do Seminário “Nortão: Dificuldades, Desafios e Soluções”, que será realizado na próxima sexta-feira (09-02), em Sinop, numa parceria entre a Assembléia Legislativa, Governo do Estado e prefeitura local.
Vamos reunir os 40 prefeitos, Governo do Estado, Deputados Estaduais e Federais, Senadores, Vereadores, Clubes de Serviço e Sociedade Civil Organizada na mesma mesa para debater temas como Crise Madeireira, Relação Institucional entre IBAMA e SEMA, BR 163, barreiras internacionais à nossa carne bovina, regularização fundiária e demais reivindicações da região.
É certo que não sairemos de lá com todos os nossos problemas resolvidos. Mas, também é certo que esse nosso grito de alerta vai repercutir longe, e será capaz de gerar os caminhos para a sua superação. Esse é o nosso grande esforço.
DILCEU DAL BOSCO é Deputado Estadual em Mato Grosso e um dos organizadores do Seminário.