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Ninguém precisa de mais vereadores

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Pensando racionalmente, nem os próprios vereadores precisam de mais vereadores, se é que existe, esta é uma necessidade completamente subjetiva. A pergunta é de simplicidade acaciana: qual é a utilidade prática, ou de qualquer outra ordem, que teria um número maior de vereadores?

O Lula fez algumas ações boas e importantes, mas como nem tudo é perfeito, uma das calamidades da sua escola foi o aparelhamento da administração através da distribuição de cargos para apaniguados dos partidos da base de sustentação que acaba por criar o vício da "síndrome da vaca de presépio", todo cuidado é pouco em não fiscalizar o governo que é a missão primordial e inarredável dos componentes da câmara de vereadores.

Quanto ao numero de vereadores, quantidade não significa qualidade, 11 vereadores, não fosse a praga da base governista, seria um bom número para desenvolver um bom trabalho, afinal são 11cabeças pensantes. Eleger gente competente ou não cabe a nós eleitores, aí já não é mais culpa de cada um deles, o erro seria nosso. A única exceção admissível seria o caso de trabalho voluntário o que não ocorre, aí eu seria á favor de 340 e não apenas 17. O maior benefício residiria na impossibilidade da famigerada "base de sustentação".

Faltam médicos, medicamentos, creches, escolas, professores, leitos hospitalares e o escambau, mas vereadores não faltam. Um operário de salário mínimo ganha R$ 545,00 por mês para trabalhar 44 horas semanais; um professor ganha R$ 1.348,91; para trabalhar 40 horas. Ora, um vereador ganha 5.083,53 para trabalhar 4 horas semanais e fiscalizar e não para dizer amém e ser "base de sustentação".

Há uma série de efeitos colaterais referentes ao aumento do número de vereadores que nem vale a pena comentar, mas que tornam o quadro muito mais nocivo do que parece. É preciso, ainda, considerar que o aumento do número de cargos de vereador implicará em aumento ainda maior de assessores, apaniguados com cargos comissionados sem concurso público, novas instalações, móveis para os gabinetes que serão criados, gastos administrativos com todo esse pessoal, mais de R$ 3.100.000 em 4 anos.

Imaginem só o que poderíamos ter de benefícios com o custo de 6 mandatos de vereador por 4 anos em casas populares, ou cestas básicas, ou custeamento de leitos hospitalares, ou ainda em abastecimento das farmácias populares. Dizer que o trabalhador teria uma maior oportunidade com mais cadeiras na câmara é piada, não existe rigorosamente nenhuma vantagem para a população.

Na verdade, o município não está obrigado a fixar o limite máximo. Do mesmo modo, também não há limite mínimo no novo texto constitucional, razão pela qual um município poderia até mesmo, ao invés de aumentar o número de cadeiras, diminuí-las e, quanto menos vereadores melhor. Se 11 já fazem pouco, para não dizer quase nada, imaginem 17. Não há necessidade desse aumento. Os vereadores foram eleitos para fiscalizar o governo e suas ações, mas não é o que vemos acontecer. Se aumentar, teremos mais despesas com assessores e todos os tipos de gastos que eles têm.

Infelizmente, como ninguém conhece as conseqüências do aumento, as intenções subjacentes, os efeitos orçamentários, o reflexo disso no futuro financiamento público de campanhas que está se avizinhando, obviamente não haverá resistência popular que impeça os partidos de tirar o máximo benefício possível dessa nova permissão constitucional. Enquanto isso, nós, eleitores e pagadores de tributos, mais uma vez ficaremos ao largo da própria história, vendo novelas e, feito hienas, dando gargalhadas enquanto comemos a carniça podre que nos servem.

Apenas a opinião pública pode impedir o aumento do número de vereadores. Não poderemos nunca depender da sensibilidade e do espírito público dos que lá estão, com raras e honrosas exceções.

Djalma Wilson Janini Franco – internauta em Sinop

 

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