quinta-feira, 28/março/2024
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Meu slogan é a crise

Bruno Costa Álvares Silva
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Mauro Mendes, utilizando-se de um ardil pouco original, assume o Governo do Estado de Mato Grosso, alardeando uma suposta Calamidade Financeira. Em tempo recorde após tomar posse, inteirou-se completa e absolutamente das questões do Estado (façanha essa certamente premeditada por seu Secretário de Fazenda, o mesmo do Governo Taques).

Chegou chegando, como se gosta de dizer coloquialmente. Esqueceu-se de suas promessas de campanha e surfou na insatisfação generalizada conquistada pela simpatia de pessoa que era Taques.

Para não pagar o que é devido aos servidores e realizar tantas outras manobras permitidas pela suposta “calamidade financeira”, entrou com um pacote de medidas que penalizaram sobremaneira a mão-de-obra de que depende a maquina pública para funcionar.

Mauro Mendes utiliza-se da mesma fórmula de Bolsonaro e seu Ministro Paulo Guedes; a alegada crise é razão para que todos tolerem o desmonte do Estado.

A estratégia não tem nada de nova. No Filme “Profissionais da Crise” (título original Our brand is crisis), Sandra Bullock faz o papel de uma Marqueteira que trabalhou ativamente para a derrota de Evo Morales nas eleições presidenciais da Bolívia em 2002. Seu personagem é inspirado no assessor do partido democrata James Carville que ajudou Gonzalo Sánchez de Lozada a vencer as eleições de 2002 contra Morales.

Sánchez de Lozada se demitiu um ano depois, em meio a uma sangrenta revolta popular, e Morales chegou à presidência em 2005, onde permanece até hoje.

Na trama, a personagem de Bullock chega a La Paz para tentar melhorar a imagem do candidato Castillo, interpretado pelo português Joaquim de Almeida, que aparece nas pesquisas com índices mínimos. Quando percebe que não reverterá a opinião dos bolivianos, Jane convence o candidato a “vender” aos eleitores uma nova ideia: a que a Bolívia atravessa uma profunda crise que apenas ele poderá superar.

O discurso da crise justifica medidas de austeridade que são tomadas sem a devida discussão e compreensão da sociedade quanto aos impactos gerados pelos remédios amargos e inevitáveis que só o messiânico governador tem a coragem de tomar.

Mauro Mendes, e seus asseclas, confeccionaram as mensagens legislativas que resultaram nas leis aprovadas por 50% (cinquenta por cento) de parlamentares rejeitados pelo povo.

O conteúdo das mensagens, que podem ser acessados no site da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, reformula conceitos orçamentários e fórmulas de cálculos dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, sem conter um demonstrativo claro de como as mudanças promovidas pelas legislações propostas irão impactar as contas do Estado e como isso será revertido em benefício da coletividade.

Em menos de 20 dias, sem audiências públicas, sem estudos sérios e compreensão clara do que se estava votando, os parlamentares, já ilegítimos, já que a nova legislatura sequer tomou posse, assinaram cheque em branco em favor do atual Governador.

Tiraram dos servidores públicos sem qualquer debate sério, o direito de terem seus subsídios corrigidos em face da inflação acumulada do ano anterior, a debatida RGA, provavelmente por todo o transcurso do atual governo.

Gostaria de ver uma entrevista de cada um dos deputados, explicando cuidadosamente porque consideraram que tais projetos seriam de interesse da população. Duvido que sejam capazes de explicar quanto de dinheiro e para onde irão os recursos economizados em função das mudanças aprovadas.

Mauro Mendes já mostrou a que veio, agindo em ofensa aos princípios elementares de uma democracia, fugiu do debate, não negociou com servidores, não esclareceu a população. Sabe-se lá porque meios pressionou os deputados (derrotados nas urnas) a privarem a população de audiências públicas e do direito de melhor terem esclarecido as questões que retiraram uma série de direitos dos servidores.

Não é em nada melhor que seu antecessor. Aliás, demonstra potencial para superar Taques.

Bruno Costa Álvares Silva -, Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº. 15.127, Seccional de Mato Grosso. Graduado pela Universidade Federal de Mato Grosso. Mestrando em Política Social pela Universidade Federal de Mato Grosso. Atuante nas áreas do Direito Sindical, Público, Administrativo e Coletivo.

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