PUBLICIDADE

Mato Grosso não é pensado para seu povo e sim para o mercado externo

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

O titulo é uma paráfrase do que disse Darci Ribeiro sobre o Brasil. Um país sempre pensado para produzir para o mercado, para exportar nossos produtos naturais.

Vejo as pessoas debatendo o futuro de Mato Grosso. A questão principal é decidir entre soja, algodão, pecuária e agora, álcool da cana de açúcar ou etanol do milho. O que se leva em conta é sempre o mercado externo.

As contas são feitas, e nelas parece se ignorar, dentre outras coisas, que nos modelos de produção citados, o grosso do dinheiro fica fora do Estado. No caso da soja, nas matrizes da Bunge, Cargil ou outras tradings, além da Singenta ou alguma fornecedora de implementos agrícolas, que praticam uma relação de financiamento da produção agrícola por aqui.

Além disso, todas as culturas acima são, basicamente, extensivas, que usam pouca mão de obra, e quando usam muita, como no caso da cana de açúcar, a mão de obra se dá em um regime trabalhista, no mínimo, questionável.

Então o que procuro neste artigo é mostrar uma outra forma de se pensar o Estado. Sem abandonar a atual matriz econômica, com soja, algodão, pecuária e tudo mais. Sem deixar de abrir uma porta para a cana de açúcar e tampouco sem deixar de pensar em um estado agroindustrial.

Mas pensar o Estado deve incorporar uma nova agenda. O ser humano, num processo de integração social e ecológico. Uma das muitas alternativas para isso é a produção do biodiesel através da mamona. Recentemente realizamos uma pesquisa na cidade de Colniza (um modelo tradicional de ocupação da Amazônia) que mostrou seu habitante vivendo em condições abaixo da linha da pobreza e convivendo com queimadas, devastação, etc.

Uma das inovações dessa idéia é a introdução da mamona como cultura para produção do biodiesel, em Colniza, por exemplo, e se estendendo para todo norte de Mato Grosso, mas produzindo em áreas degradadas pela pecuária, exploração de madeira e garimpo.

Outro aspecto positivo é que ela pode ser produzida consorciada com outras culturas, como feijão, arroz, palmito, etc. Recentemente vi, pela primeira vez, o jornal The Economist, um ícone do neoliberalismo, concordar com os presidentes Fidel Castro e Hugo Chaves. A preocupação é que a nova onda pelo etanol no Brasil e nos Estados Unidos, possa significar uma migração de várias culturas para o álcool e o milho, o que pode gerar um grave problema para a produção de alimentos no mundo.

Assim, pensar o Estado num plano além do econômico deve ocupar as mentes daqueles que já perceberam que o fato do Mato Grosso ser o campeão nacional de produção de várias mercadorias não significa, necessariamente, que o povo é quem ganha com isso.

Maurício Munhoz Ferraz é consultor de empresas em Mato Grosso

COMPARTILHAR

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias

Tecnologia a serviço da sustentabilidade

A evolução tecnológica desempenha um papel fundamental no fortalecimento...

Tive um Infarto, posso fazer exercícios?

A prática de exercícios físicos após um infarto do...

Cuidando do quintal do vizinho

É curioso observar a hipocrisia de alguns países europeus...