sexta-feira, 29/março/2024
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Matemática x conceito de saúde

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O secretário de Saúde de Cuiabá, Aray Fonseca, se envolveu num bate-boca com seu antecessor, Luiz Soares, na semana passada. O motivo, pelo que se leu nos jornais, foi uma declaração de Aray segundo a qual haveria um superávit financeiro na Saúde da ordem de R$ 11 milhões (valor que depois passou para R$ 12,587 milhões), apenas nos três primeiros meses de administração, devido a alegadas reduções de despesas.

Luiz Soares reagiu porque se sentiu diretamente ofendido. Por anteposição, se em apenas três meses foi possível economizar R$ 11 milhões, o que se fazia antes era incompetência ou malandragem. Como não é inepto nem malandro, Soares reagiu afirmando que só com mágica seu sucessor poderia ter conseguido tal superávit, uma vez que o teto (valor total repassado pelo governo federal ao SUS de Cuiabá) era de R$ 4,8 milhões. Fazendo conta de adição, três tetos seriam o equivalente a R$ 14,4 milhões. E indagava: como economizar R$ 11 milhões do total de R$ 14 recebidos em três meses? “Só fechando a secretaria ou não pagando os fornecedores”, respondeu ele mesmo.

Creio que o assunto mereceria um aprofundamento da imprensa, buscando os documentos oficiais da prefeitura que possam comprovar a veracidade dos números. Se Luiz Soares ainda fosse o secretário seria fácil tirar a dúvida, porque ele enviava mensalmente para jornalistas, promotores de Justiça, sindicalistas e uma infinidade de pessoas (eu inclusive os recebia) os relatórios de receitas e despesas do SUS para conhecimento público da sua gestão.

Não vou entrar no mérito se existe ou não saldo de caixa de mais de R$ 12 milhões na conta da Secretaria de Saúde de Cuiabá. Por enquanto, para mim duas coisas estão definitivamente claras.

A primeira é que a honestidade e competência de Luiz Soares à frente da Secretaria de Saúde de Cuiabá não estão em xeque. Se houve algo de positivo na administração Roberto França, certamente foi a gestão de Soares no SUS. E na polêmica, até prova em contrário, acredito na sua versão.

A segunda é mais simples ainda. Não é função de órgão público algum ter sobra de caixa. Essa é a diferença básica entre uma empresa privada e um organismo público. Ainda mais no setor de saúde, onde a demanda é crescente, e por mais que se façam muitos investimentos, muitos ainda haverão para ser feitos. Se tem dinheiro, ele deveria estar sendo investido na melhoria da qualidade de vida e da saúde da população.

Logo, se está sobrando dinheiro na secretaria de Saúde, tem algum problema de gestão muito sério a ser resolvido por lá, porque as pessoas continuam tendo um atendimento aquém do adequado, pessoas continuam morrendo em Cuiabá por falta de assistência médica, procedimentos complexos e medicamentos. Funcionários, como médicos, enfermeiros e administrativos, continuam reclamando dos baixos salários. Hospitais continuam querendo cobrar mais caro do sistema pelos convênios, etc. E a prefeitura continua pedindo ajuda financeira aos governos do Estado e Federal para dar conta de sua demanda.

Se for verdade que está mesmo sobrando dinheiro na Secretaria de Saúde de Cuiabá, não vamos encontrar explicações na matemática, mas na visão de saúde pública que o secretário Aray está querendo implantar no município.

Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM Soluções Institucionais. [email protected]

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