A coisa de alguns dias um acadêmico do curso de engenharia civil denunciou que parte das obras físicas que atenderiam ao VLT (veículo leve sobre trilhos) estaria pelo menos meio metro fora da medida projetada. Isso inviabilizaria seu uso como meio de transporte a permitir o curso do trem do VLT.
Mas algo bem mais grave está para ocorrer, o erro já foi denunciado a quem de direito, todavia a teimosia e a maldade humana (a ânsia pelo lucro fácil) estão impedindo a correção dos rumos.
O projeto do VLT consta de duas linhas independentes, uma saindo do aeroporto Marechal Rondon e outra do Coxipó, sendo que ambas se encontram na avenida da Prainha.
Pelo menos é o que diz a propaganda oficial.
Mas na confluência entre as avenidas Couto Magalhães e Miguel Sutil, no chamado viaduto Orlando Chaves, um grande crime contra o patrimônio público está em vias de ser cometido.
Naquele quadrante está sendo construído uma viaduto para o uso de veículos, como se sabe, e por baixo deste irá passar a locomotiva do VLT. Existe um vão (espaço) projetado de aproximadamente 50 (cinquenta) centímetros, que é a medida que o projetista entende razoável a permitir o livre tráfego do VLT.
Mas e os caminhões de carga?
Quando passar por ali um desses treminhões carregando soja pro Blairo Maggi, acaso não será quebrado o viaduto, inclusive ameaçando vidas? Ou quando por ali passar um caminhão transportando as máquinas do garimpo da família Riva, em Poconé, não corre o risco do viaduto ser quebrado? Ora, sabe-se que por aquela avenida passam encomendas para o garimpo do ex senador Canellas, que funciona numa das margens do rio Cuiabá (sim Canellas está vivo, aliás bem vivo, é dono de um garimpo de ouro e extração de areia nas margens do rio Cuiabá, sob as barbas da SEMA, do Promotor do Meio Ambiente e da Justiça Ambiental).
Mas sabe por que estão insistindo em manter o projeto do viaduto Orlando Chaves com apenas 50 centímetros de vão livre? Porque toda semana um caminhão com carga alta vai passar por ali, provocar uma quebra (e transtornos) de modo a permitir que se faça um conserto sem licitação, em face da urgência (pelo preço que os políticos e empreiteiros quiserem).
Que se danem os contribuintes e usuários dos serviços públicos.
Isso não é novo em Mato Grosso.
Nos anos 80 foi asfaltada a rodovia BR 163 (Cuiabá/Santarém), e quem governava Mato Grosso à época era um político que se orgulha em ser compadre do Paulo Maluf, aquele, da dinheirama no exterior "que não é dele"!.
Para permitir a licitação dos 500 (quinhentos quilômetros) de asfalto entre Cuiabá e Sinop a obra foi fatiada e diversas empreiteiras dividiram as etapas da construção, cada uma executando o serviço em um determinado trecho.
Num desses quadrantes, ali bem próximo ao município de Nova Mutum, há um trecho até hoje bem problemático, e que a cada chuva precisa recapeamento ou os chamados "tapa buracos" de urgência (as crateras "nascem como chuchu"). Isso é uma festa para os políticos, que não precisam fazer licitação para as obras e têm ali um poderoso reforço de caixa financeiro para as campanhas eleitorais.
O problema é que o trecho de asfalto propositalmente ruim tem trazido dor e sofrimento a centenas de famílias que tem perdido familiares em acidentes causados pela má qualidade do asfalto da 163, próximo a Nova Mutum. São muitos os mato-grossenses que ali pereceram, deixando muita dor como herança de crianças órfãs e cônjuges desamparados.
Uma das pessoas que faleceram em acidente automobilístico na Rodovia 163 foi José Carlos Paza, o Pazinha, um conhecido esportista da cidade de Sinop, companheiro de brincadeiras do Rogério Ceni. Pazinha era tão querido na cidade que o maior ginásio de esportes de Sijnop passou a levar o seu nome, o que é muito justo.
Curioso dizer que uma grande avenida de Sinop homenageia um dos políticos responsáveis pela má qualidade do asfalto que vitimou um sinopense ilustre!
Pois bem.
O que está para ocorrer com o viaduto Orlando Chaves em Várzea Grande é a mesma coisa. Uma obra feita propositalmente fora dos padrões (medidas e protocolos de segurança), que vai ser alvo de acidentes recorrentes, permitindo reformas de urgências e contratação de empreiteiras sem licitação.
Trata-se de mais uma farsa do VLT, tendo o cidadão como vítima.
Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são ativistas do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)