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Maggi: “não adianta lobby”

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No Aurélio, o substantivo masculino é claro: lobby refere-se a um grupo de pessoas ou organização que tem como atividade profissional buscar influenciar, aberta ou veladamente, decisões do poder público em favor de determinados interesses. Um substantivo que não faz parte do dicionário do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Quem afirma é o próprio chefe do Executivo.

Éder Moraes, Moisés Sachetti, Augustinho Moro e, ultimamente, Rodrigo Figueiredo (quem será o padrinho deste?), são nomes cotados para ocupar o posto do ex-secretário de Fazenda, Waldir Teis, novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Por enquanto, apenas cotados. A decisão mesmo só será anunciada por Maggi em janeiro. Até lá, a única certeza é a de que o secretário-adjunto de Política Fiscal, Edmilson José Santos, continua como comandante interino (ou quem sabe definitivo) da pasta.
Se mantida a lógica, a pedra boa ainda é uma incógnita. Há quem comece apostar no secretário-executivo do Ministério das Cidades, Rodrigo Figueiredo. De conduta ilibada e com notório conhecimento em gestão pública, Figueiredo, como bom cuiabano, tem no seu currículo profissional e político o histórico para ser o escolhido do governador. Não faz lobby e, só por isso, já afasta todas as possibilidades de interesses não-republicanos, um dos receios de Maggi, segundo analistas palacianos.
Filho de Milton Figueiredo, que fora eleito deputado estadual por três mandatos e federal por duas vezes, entre as décadas de 1960 e 1980, Rodrigo é advogado e funcionário de carreira do Banco do Brasil. Além de dominar os trâmites fazendários e econômicos, tem trânsito livre no Palácio do Planalto e com todo o batalhão de ministros do presidente Lula.

O perfil técnico e discreto de Augustinho Moro também agrada. Já foi secretário-adjunto de Administração e secretário-adjunto da própria Sefaz. Conhece toda a equipe de gestores e o ‘modus operandi’ sistêmico do governo, da Fazenda, mas o bom desempenho de Moro como secretário de Saúde pode minar as chances de sua transferência para a Secretaria de Fazenda. Pasmem, Moro pode ser vítima da sua própria eficiência.
O presidente da Agência MT Fomento, Éder Moraes, também carrega sobre os ombros sua origem bancária e capitaliza bem o êxito alcançado até agora no processo de renegociação das dívidas do Estado com a União de quase R$ 5 bilhões com instituições financeiras. O que, segundo as mesmas fontes palacianas, não influenciaria muito a escolha de Blairo Maggi. É que, a partir de agora, o processo de renegociação é mais político do que técnico e a palavra final será do Senado Federal.
Pensando bem, se juntarmos todos os quatro evidentes para a Sefaz não equivalem ao peso de Blairo Maggi articulando sozinho junto ao Senado, que terá que mexer na LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal.
Aí entra, também, Rodrigo Figueiredo, que tem trânsito livre entre os congressistas. Sem contar que ele lida, no Ministério das Cidades, com um orçamento infinitamente maior do que o do Governo de Mato Grosso, onde está centralizado o PAC.
Uma coisa é clara: Blairo Maggi escolherá um secretário de confiança e capaz de manter sob controle um orçamento de R$ 6,8 bilhões previstos para 2008. Capacidade técnica e idoneidade moral e, sobretudo, alguém que não tenha dois discursos serão alguns dos requisitos que deverão ser observados pelo governador na definição do novo secretário de Fazenda.
O ungido poderá ser até mesmo o ex-presidente do Detran e atual assessor especial da Casa Civil, Moisés Sachetti, que goza de prestígio junto ao governador. O que pesa contra ele é o seu gênio explosivo. Apesar de ser amigo de infância do governador, Maggi não costuma misturar sentimentos pessoais com decisões políticas. Para o bom entendedor, um pingo é letra.
Na pressão – De todos os nomes possíveis, Éder Moraes é o que tem evidenciado mais apoio político. É o preferido do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Ricardo (PR), que já declarou publicamente o seu apoio; e do primeiro-secretário, deputado José Riva (PP), este, pela sua própria experiência trabalha nos bastidores, na surdina. É o mais reservado até o momento. Há quem aconselhe Maggi a pensar duas vezes antes de discordar de tamanha indicação política, já que atenderia a interesses da Mesa Diretora, que acabou de conduzir a aprovação em plenário do nome do ex-secretário Waldir Teis para o TCE.

É assunto para páginas e páginas de jornal. Por hora fico por aqui. Amanhã eu volto com outros capítulos dessa instigante história.

Ilson Fernandes Sanches é presidente do IDC – Instituto Mato-grossense de Direito e Cidadania, advogado, professor universitário, PHD em Economia pela Sorbonne – Paris

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