Como todos sabem, em janeiro deste ano Mato Grosso foi alvo de duras críticas por parte de órgãos não governamentais de proteção ao meio ambiente e do governo federal, após ser apontado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) como o estado que mais desmatou entre os meses de agosto a dezembro de 2007.
A notícia pegou todos de surpresa, já que os representantes da área ambiental no estado atuaram fortemente na diminuição do desmatamento, para consequentemente tirar Mato Grosso do ranking dos que mais desmatam.
Mas o tempo passou e a justiça está sendo feita. Nesta última terça-feira, o Inpe divulgou os números sobre novos desmatamentos na Amazônia registrados em março. E nesses dados ficou comprovado que Mato Grosso reduziu em 82% o número de novas áreas desmatadas. Isto que significa que entre fevereiro a março deste ano, o meu estado diminuiu em mais de 80% o registro de novos desmates. Números esses que mostram o empenho dos dirigentes de Mato Grosso em querer por fim ao desmatamento desenfreado que já vinha ocorrendo há mais de 15 anos no estado.
E já falando em desmatamento, quero aproveitar para comentar uma reportagem do jornal norte-americano ‘New York Times’, que no último sábado, criticou a operação brasileira Arco de Fogo para conter o desmatamento na Amazônia brasileira. O jornal classificou como ‘‘pífio’’ o trabalho da operação. Opinião esta que de certa forma para mim é vista como fantasiosa! Fantasiosa porque todos nós sabemos que de preocupados com o meio ambiente os norte-americanos não tem de nada.
Se fosse assim tão preocupado com o meio ambiente, os Estados Unidos não seria o país que mais emite gases poluentes de efeito estufa, que provocam o aquecimento global.
Oras, soa no mínimo incoerente, pra não dizer, contraditório, o maior jornal norte-americano criticar a nossa política de preservação ambiental, enquanto que na terra dele, ações em defesa do meio ambiente são totalmente ignoradas.
Como muitos sabem, a água e o petróleo vão nos próximos anos os bens mais valiosos da Terra. E como tal, muitos já estão de olho nesses dois segmentos. Como é o caso dos Estados Unidos, que tratou de correr atrás do petróleo.
Para refrescar a memória, no Oriente Médio, mais precisamente no Iraque, há a segunda maior reserva de petróleo do País, e os norte-americanos invadiram aquele País com o pretexto de acabar com as armas de destruição em massa.
O tempo passou, as armas químicas não foram encontradas, Saddam Hussein foi morto e as tropas norte-americanas por lá continuam, agora com a alegação de dar ordem a aquele país.
Pois bem! Como a água caminha também para ser um dos bens mais preciosos daqui a alguns anos, muitos já começam a espichar os olhos para nós.
Como todos bem sabem, nós somos o país com as maiores reservas de água potável do mundo. E onde tem água? Na Amazônia!
E como os norte-americanos podem intervir aqui? Fácil!!!
Basta arrumar álibis do tipo que ‘nós não estamos protegendo a floresta’, ou que ‘nós não estamos protegendo os nossos índios’ ou então que ‘nós não estamos lutando contra o trabalho escravo na Amazônia’.
É bem verdade que tais problemas existem, porém devem ser resolvidos internamente, sem o dedo de ninguém.
Eu me questiono, será mesmo que os Estados Unidos estão realmente preocupados com a vida dos índios, dos trabalhadores escravos ou da floresta? Certamente sabemos que não. E com esta conclusão, é fato que nós precisamos continuar as medidas de redução do desmate e preservação da natureza, porém sem a pressão internacional que tanto nos incomoda.
* Eliene Lima é professor, engenheiro civil e atualmente exerce o mandato de deputado federal por Mato Grosso.
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