Costuma-se dizer que, dependendo o ângulo de observação e da visão do observador, a realidade pode ser percebida ou retratada de maneiras diferentes, determinando conclusões `as vezes diametralmente opostas.
Este pode ser o caso do Brasil. Quando as observações e análises da situação fazem parte do discurso do governo de plantão, pouco importa sua vinculação ideológica ou política partidária, a imagem que se tenta construir de nosso país é sempre positiva, áurea e maravilhosa. Para o atual Governo do PT e seus aliados, o país vai ótimamente bem, aqui a saúde pública é excelente, a educação em todos os níves é de ótima qualidade, os índices de corrupção são os menores do mundo, a nossa infra-estrutura faz inveja aos demais países, com obras faraônicas, de ótima qualidade, com licitações limpas e jamais superfaturadas, a segurança pública tem experimentado avanços significativos, a degradação ambiental é coisa do passado, os fundamentos da economia nunca estiveram tão bem, os níveis de inflação são baixos e estão sob controle, a máquina pública esta bem “azeitada” e funciona a mil maravilhas, a produção e distribuição de energia garante que não haverá apagão, nossas exportações estão em franco progresso, não existe deficit na balança comercial; enfim, somos uma verdadeira ilha da fantasia, com o povo extremamente feliz!
Feito este retrato, com certeza o povo deseja a reeleição em primeiro turno da atual presidente da República e de todos os governadores, senadores e deputados federais e estaduais que fazem parte deste governo . Quem reclama de algum problema é movido por falta de patriotismo e faz coro com os inimigos do país e devem ser calados para evitar que acabem perrturbando a paz social.
Apesar dos expectros ideológicos serem diametralmente opostos, este não é apenas o retrato falado e pintado pelo Governo Dilma, PT, PMDB e demais aliados, mas também era a visão dos generais-presidentes que estiveram no Planalto por 21 anos. Também naquela época havia uma campanha que identificava quem tinha visão diferente como anti-patriota, houve até uma campanha para reafirmar o orgulho nacional ferrido pelos subversivos, cujo lema era “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Observando o mesmo Brasil, a partir de outros ângulos, diversos organismos internacionais incluindo vários vinculados `a ONU, o Forun Econômico Mundial, OCDE, o Banco Mundial e outros mais, diversos pesquisadores espalhados por inúmeras universidades nacionais e internacionais, quando colocam o Brasil em uma situação comparativa, através dos diversos “rankings” que a cada momento a opinião pública tem conhecimento, nosso país não está com esta imagem reluzente, mas sim, ostenta posições incompatíveis com o tamanho de nossa economia e o nosso potencial.
No final de 2013, quando do lançamento do relatório anual sobre competitividade entre países por parte do Forun Econômico Mundial e novamente há poucas semanas em seu relatório global sobre o estado da Ciência da Informação e da tecnologia, principalmente a produção/geração, monitoramento e uso da internet, entre 144 paises o Brasil ficou na 69a. posição, tendo caido da 60a. posição ocupada em 2013. Ficou abaixo de vários países latino-americanos, da Rússia, da China, da Turquia, até mesmo da Costa Rica e do Panamá.
No ranking de competividade, no geral o Brasil ocupa atualmente a 56a. posição. Mas na qualidade da educação fundamental e saúde somos 129a. ; no ensino superior e preparo de mão-de-obra especializada 121a. ; na qualidade do ensino de matemática e ciência 136a., qualidade das rodovias 120a; das ferrovias 103a. , dos portos 131a., do transporte aéreo 123a., na abertura de uma empresa 144a., nos serviços alfandegários 139a., na relação exportação como % do PIB 145a, na importações 148a., no acesso `a internet 98a. na carga tributária em relação ao PIB 140a., no custo da violência e as acões do crime organizado 126a.
Enfim, esses e tantos outros dados demonstram cabalmente que o Brasil está indo de mal a pior e que apenas na visão míope, canhestra e manipuladora do Governo atual é que as coisas estão ótimas. Pergunta, será que governantes assim merecem ser eleitos ou reeleitos?
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
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