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Greve na UFMT: o que a sociedade precisa saber

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A intenção deste artigo é discutir com os colegas docentes, com a comunidade universitária e a sociedade em geral algumas das incoerências que marcaram as últimas greves realizadas na UFMT.
A primeira delas é, sem dúvida, a pequena participação dos docentes nas assembléias deliberativas. O comparecimento dos professores é baixíssimo, afinal, as pautas são sempre as mesmas. A maioria esmagadora não comparece, não opina e não vota. Talvez esse esvaziamento ocorra porque os professores preferem ocupar o seu tempo com outros afazeres mais importantes do que as enfadonhas análises e “falações” protagonizadas por magos e gurus cuja clarividência vem corroendo as bases do nosso sindicato.
A segunda impropriedade diz respeito ao entendimento de que o desejo de alguns deve impor-se aos demais. Ora, convenhamos! Teriam esses gurus uma outorga, mandato ou procuração para representar, que fosse, um único voto além do seu? Não percebem esses iluminados que a ausência dos professores nas assembléias é fruto do repúdio e não do consentimento com as pautas lá priorizadas?

O terceiro ponto crítico das nossas greves pode ser resumido na seguinte afirmação: quem decide pela greve não pode fazer greve. Vejam que incoerência! As nossas greves têm sido decididas, em boa medida, pelo voto dos professores aposentados. São colegas valorosos que no passado participaram de greves memoráveis e que hoje desejam reproduzi-las em cenários dos quais já não participam. Como pode um professor aposentado fazer greve, isso é, negar-se a desenvolver as suas atividades profissionais se já não as tem, se já as encerrou por direito e/ou por merecimento?
Situação inversa vivem os professores vinculados a projetos de pesquisas e aos Programas de Pós-Graduação. Ainda que possam argumentar e decidir em favor da greve, não a cumprem efetivamente, uma vez que tal conduta inviabilizaria os convênios, prejudicaria a avaliação dos mestrados, enfim, traria um ônus incompatível com o seu “grau de responsabilidade institucional”. Porquanto, os que argumentam e votam a favor da greve sabem, previamente, que não cumprirão o que decidirem. A maioria, porém, nem participa das assembléias. Permanece atuando em seus redutos e observando a paralisação nos cursos de graduação.
Por último, a contradição inaceitável dos chamados “grevistas virtuais”. Essa categoria de grevistas parece a mais perniciosa para o sindicato, para a universidade e para a sociedade. São os professores que tomam conhecimento da greve pela mídia, pelo boletim informativo ou e-mail encaminhado pelo sindicato. Às vezes, são os próprios estudantes que se encarregam de informa-los dos resultados das assembléias. Passado o período de paralisação, retornam ao trabalho incomodados com a reposição de aulas e com o adiamento das férias familiares… Consideram a greve um acontecimento inevitável e já o incorporaram ao seu cotidiano pessoal e profissional.
Essas formas irresponsáveis de tratar a greve resultaram na sua banalização. Ao invés de uma medida extrema de rompimento nas relações entre capital e trabalho, passou a ser considerada o início de um diálogo de surdos. Nesse contexto, não é difícil compreender por que se estende por longos e longos meses.

As nossas greves não causam transtornos apenas aos estudantes (notadamente aos dos cursos de graduação). Ela se transformou no principal argumento daqueles que pretendem desmontar os serviços públicos essenciais à sociedade. Ao considerar mais um indicativo de greve na UFMT, a pergunta parece inevitável: para que serve uma instituição pública que se aniquila e se amofina envolta em intermináveis greves? Portanto, lutemos pela educação pública; lutemos pelos serviços públicos. Digamos NÃO a mais essa tentativa de paralisar a nossa Universidade.

Darci Secchi é professor doutor do Instituto de Educação/UFMT

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