Certamente o político brasileiro, patacudo e que muitas vezes aceita uma propina (pra eles a gorjeta é um tipo de doação, algo normal. São “brindes e todas as empresas fazem isso”) acredita que o valor de 1.620,64 seja muito elevado. Estoura o orçamento da União. Não tem como ser pago. Para nossos governantes o salário mínimo ideal é de R$ 380,00.
Segundo o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos -, o salário que o trabalhador deveria estar ganhando seria de R$ 1.620,00, para sustentar uma família de quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, sendo que estas consomem o equivalente a um adulto.
Vi alguns dias atrás que a Secretaria dos Direitos Humanos divulgou na imprensa gaúcha (sei que estamos no Mato Grosso, mas tenho certeza absoluta que os números valem pra gente também), que aproximadamente 90% dos jovens presos por crimes cometidos não tem o ensino médio, e vêm de famílias muito pobres. A estatística envolve apenas criminosos com até 18 anos. Deles, 51% sequer freqüentaram a escola no momento em que cometeram os delitos.
Embora sejam números que não deixam dúvidas. Existe a cegueira voluntária que faz com que muita gente acredite que para diminuir a criminalidade a solução seja diminuir a idade penal e não as desigualdades sociais.
Não tenho a menor dúvida que seja incorreto “medir a conduta das pessoas em situações de sobrevivência”, qualquer bom Administrador sabe muito bem disso.
Uma combinação perigosa da pobreza com falta de educação, duas opções nada agradáveis para o cidadão que tiver de entrar na estatística dos 380 ou do 171. Se você não faz parte de nem uma das duas, considere-se feliz. Você está dentro da lei. No capítulo II, o artigo 7º, inciso IV da Constituição da República garante: o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Magnos Lanes Bauken de Oliveira é contabilista.