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Ensaio sobre o (des) gosto da derrota

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Quando criança adorava ir ao circo. Mesmo com ressalvas à girafa com aquele pescoço enorme, à estupidez do globo da morte e àquele quadro idiota do atirador de facas, eu adorava ir ao circo. Eu tinha na minha candura um motivo especial para esse gosto, o palhaço. O palhaço para mim era o próprio circo, a razão do espetáculo. Eu amava o palhaço.
Hoje, alguns anos distante da minha infância, não perdi o afeto, o gosto e o inenarrável amor pelo palhaço. Ele, o palhaço, e o mundo circense, ajudaram na construção desse meu personagem. Desse meu eu de escritor mastigado pelas barbáries constantes da vida, porém vacinado contra o ódio e a serviço do riso, por ser (ou que seja) do bem, patrocinador dessa minha paixão em viver.

Terça-feira, 21 de outubro, dezesseis dias após as eleições municipais que em Alta Floresta reelegeram a honestidade, a transparência e a nova maneira de se fazer política, implantada pela prefeita pedetista Maria Izaura, primeira mulher a administrar o município e que também conseguiu o fato inédito da reeleição, a poeira continua solta, ao sopro dos inconformados, não apenas pela derrota nas urnas, mas pelo distanciamento agora ampliado, entre o fazer uma política limpa e aquela feita no passado, calcada no oportunismo e em falcatruas.
Terça-feira, 21 de outubro, dezesseis dias após as eleições municipais que apostaram na continuidade da política do bem e desaprovaram a política do mal, ao mesmo tempo em que deram um basta, derrotando heróica e desastrosamente alguns vereadores de muita fala e nada de ações, pertencentes ao grupo das idéias e atitudes fraudulentas, apesar de que nem com esse recurso, o dos presentinhos cifrados, com marcas d’água e estampas de onça, conseguiram a reeleição, esses edis continuam diluindo o próprio veneno. Diluindo e disseminando no município como vingança pelo enxergar nas urnas de suas incompetências.
Terça-feira, 21 de outubro, dezesseis dias após a resposta nas urnas, vereadores reeleitos e derrotados se reuniram para votar o Projeto de Lei 1222/2008 de autoria do Executivo que pedia autorização para utilização de um crédito adicional de seis milhões de reais, valor esse que, graças à clareza, transparência e competência da atual administração (um dos fatores que favoreceram a reeleição da atual prefeita) faz parte do montante de R$ 11.387.096,63 (onze milhões, trezentos e oitenta e sete mil, noventa e seis reais e sessenta e três centavos) que excederam na arrecadação do município prevista para o ano de 2008.
Terça-feira, 21 de outubro, os vereadores votaram o projeto denominado Suplementação Orçamentária que, apesar da incansável luta e insistência de alguns vereadores, tais como Elisa Gomes e Francisco Militão, esteve, desde o mês de agosto, amarrado nas mãos do presidente Paulo Florêncio em prol, sabe-se lá do que, ou a serviço de quem – pensava-se, erroneamente, que segurando a sua votação a prefeita sofresse prejuízo nas urnas – o projeto foi finalmente votado.

Os presentes, expectadores calados, naquela sessão daquela terça-feira, 21 de outubro de 2008, acreditavam e tinham como certo que seria uma votação tranqüila, com aprovação unânime, afinal as eleições já passaram, bem como seus possíveis efeitos políticos. E, com a aprovação do projeto, seis milhões seriam injetados em Alta Floresta em diversas frentes de serviços e garantia de pagamento a funcionários e fornecedores.
Engano, as eleições passaram, mas os efeitos, os mesmos efeitos da maldade continuaram com seus desdobramentos. Os vereadores derrotados nas urnas, em vertical descida, Paulo Florêncio (513 votos), Edson Apolinário (410 votos) e Doglas Arisi (353 votos), mais uma vez votaram contra Alta Floresta. Com eles também foram os vereadores Luiz Carlos (que não concorreu às eleições) e Lau da Rodoviária, esse, um zé-me-chama-que-eu-vou.
O mais curioso dessa história é o parecer (tenho esse documento em minhas mãos) de número 178/2008, de autoria da Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária da Câmara Municipal, datado de 22 de setembro de 2008. Nele, os vereadores Doglas Arisi e Edson Apolinário se posicionam em favor da aprovação do Projeto 1222/2008, sem emendas ou ressalvas (sic). A pergunta: O que (ou quem) os fizeram mudar de idéia, e em tão pouco tempo?
A vereadora Elisa Gomes também faz farte dessa Comissão, mas a vereadora Elisa Gomes tem caráter e ética. Infelizmente, por uma questão de legenda, Elisa Gomes não conseguiu se reeleger, mas fez 701 votos, muito, muito mais que em 2004, ao contrário do trio derrotado que só caiu. Meus parabéns a vereadora Elisa.
Quanto aos vereadores Paulo Florêncio, Edson Apolinário e Doglas Arisi, estes não conseguem me convencer de que gostam de Alta Floresta. Soube que dois deles estão de malas prontas e devem deixar o município, melhor que o façam. Ou então que fiquem e, fora da Câmara, desenvolvam um trabalho em prol dos munícipes, o que, lamentavelmente, não fizeram como vereadores.
O palhaço me espera. Volto ao circo, na certeza que devo sorrir.

Carlos Alberto de Lima é jornalista em Alta Floresta

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