Outro dia, Kleber Lima assinou um belíssimo artigo despedindo-se do advogado Marco Túlio, falecido na semana passada. Escreveu com o coração e derramou emoção em sua tinta. Neste domingo, muitos deitaram sensibilidade em seus textos para homenagear Marcos Coutinho, morto precocemente no final de semana.
Confesso que o artigo que mais me chamou a atenção foi o redigido pelo advogado Eduardo Mahon; justamente, por ter dado um enfoque mais eloquente às características humanas de Coutinho, deixando de lado, um pouco, as loas quanto ao caráter profissional deste jornalista.
De fato, Coutinho foi um pioneiro… Um homem a frente de seu tempo. Apostou na mídia digital e fez de seu ciberespaço um ambiente para o debate e a crítica. Foi, na essência, um repórter investigativo.
Polêmico, diziam alguns. Hiperativo, diziam outros. Marcos Coutinho sempre foi apaixonado pela vida; por isso mesmo, uma pessoa de extremos. Amava e odiava com a mesma intensidade. Com ele, não havia meio termo. O morno, o silêncio e o insípido eram a metade do caminho para o inferno.
A vida, para ele, precisava do calor do abraço dos amigos, dos acordes maliciosos do jazz e do tanino de um bom vinho. Foram 47 anos, pouco, do ponto de vista cronológico. Mas, o suficiente para quem sorveu com prazer cada gota de seus dias.
Marcos Coutinho deixa um legado que poderia ser resumido num verso do poeta Vinícius de Moraes: "é melhor ser alegre que ser triste"… Sim, estamos falando do homem, do pai de família, do amigo e do colega de redação. Vamos deixar pra lá a figura polêmica e o jornalista investigativo.
São carapuças que a morte torna mesquinhas, máscaras desfiguradas da sobrevivência; agora o que conta são as boas lembranças. Não mais os títulos, mas sim, os carinhos impressos na pele das pessoas amadas; não mais a soberba, mas sim o sorriso desprotegido de criança; não mais as virtudes, mas sim a inocência cândida da paixão.
Sim! O ser humano. Por mais paradoxal que pareça, a morte nos torna mais humanos. Ali somos a lembrança: o melhor de nós que restou no coração de quem nos ama.
Vá em paz, Marcos Coutinho!
Paulo Leite é jornalista e escritor