Quando escrevo algumas linhas sobre os temas que afligem a humanidade, procuro de forma simples chamar à reflexão os leitores, mesmo que alguns “sociólogos ou economistas” critiquem minha maneira de escrever, pois na verdade eu escrevo justamente para pessoas como eu, não economista e não sociólogas ou filosofas. Embora tenha lido muito sobre a crise ou vendaval, turbulência, tsunami, tormenta, marolinha, etc, nomes que alguns comentaristas econômicos chamam-na, nenhum desses graduados “iluminados” fizeram menção à verdadeira razão para a crise.
Esta crise não é uma crise imobiliária ou de hipotecas, como inicialmente foi apelidada, nem vendaval, nem muito menos tormenta. Pois se trata de uma crise do modo de produção capitalista. Explicando de maneira bem popular: este sistema de “oportunidades”, tem como base a competitividade entre as pessoas ou empresas e sobrevive o mais ou a mais forte, assim monopolizando os bens produzidos. É um sistema que gera muita riqueza, porém concentrada em poucos, e ao mesmo tempo distribui a miséria para muitos, deste modo os abatidos pela “competitividade” passam a fazer parte do exército de desempregados, endividados, hipotecados, etc. É o que está acontecendo nos EEUU, houve uma super produção de bens de consumo ou fetiches, e um subconsumo. Falta “grana” aos consumidores, no início para pagar as hipotecas, agora se alastra para o consumo tanto na América como na UE (União Européia), gerando um efeito dominó de “quebradeira” das empresas.
O mais intrigante é que para resolver a crise, foram chamar nada menos que os próprios “executivos” que a fabricaram. No entanto os remédios sugeridos por eles ao que parece tem surtido efeito contrário, a cada injeção de bilhões de dólares no sistema financeiro as bolsas de valores despencam. Ai vem duas perguntas. Qual a razão da queda? E de onde vem o dinheiro?
A razão é simples, mesmo que os “economistas” queiram enfeitar em seus economez, o problema persiste porque os bilhões, aliás, trilhões de dólares até agora injetados não geraram nenhum emprego, apenas minimizaram os prejuízos das grandes transnacionais. A segunda resposta sobre o dinheiro injetado na Europa e nos EEUU, parte vem da contribuição dos trabalhadores em forma de impostos, a outra parte vem de dinheiro “falso”, fabricado pelo tesouro americano. No entanto nenhum país do mundo, como a China, Índia ou do oriente médio reclamaram disso, claro, as reservas deles estão em dólares, concordando com a “falsificação” apenas por puro interesse.
Qual seria a saída para a crise?
A saída para a “marolinha” é a mesma porta de saída para este modo de produção, que gera desigualdade, aumenta a miséria, destrói a natureza, aquece o planeta de tal forma que derrete até o sistema financeiro. Aliás, não é uma porta, é um portão, é a substituição deste modo, por um modo planejado, com igualdade social, distribuição de renda de forma equitativa com geração de empregos.
A seguir uma frase atualíssima dita em 1867
“Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado” Karl Marx, in Das Kapital, 1867
Carlos Veggi Atala é consultor e curioso do mundo