quarta-feira, 11/dezembro/2024
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Corredores rodoviárias interoceânicos

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Em julho de 2004, o Presidente Lula, acompanhado pelo então Governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT foi a Santa Cruz de la Sierra para se encontrar com o Presidente da Bolívia. Entre outros temas da agenda, perdoou uma dívida de U$50,00 milhões dos bolivianos e disponibilizou no BNDES, U$600,00 milhões para eles investirem em infra-estrutura de transportes e energia. Com parte destes recursos financeiros estão construindo um trecho da estrada de Santa Cruz la Sierra para Corumbá, Mato Grosso do Sul. No mês seguinte, foi à Brasiléia, no Acre, na fronteira da Bolívia com o Brasil, para inaugurar juntamente com o então Governador Jorge Viana, também do PT, uma ponte sobre o Rio Acre, ligando a Capital do Departamento de Pando, Cobija a este Estado brasileiro. Em seguida, embarcou em um helicóptero, foi para Assis Brasil, na fronteira do Brasil com o Peru, também no Estado do Acre e lançou a pedra fundamental para a construção de outra ponte, sobre o Rio Acre, já inaugurada, ligando Assis Brasil à Iñapari, no Departamento de Madre de Dios.

Em setembro de 2005, o Presidente Lula voltou ao Acre para lançar o início da construção do trecho de 900 km da Estrada do Pacífico. Ela ligará o Brasil, via Estado do Acre, numa distância total de 1300 km, da fronteira Brasil/Peru aos portos peruanos de Ilo e Matarani, cruzando a Macro Região Sul do Peru, cujos recursos de U$700,00 milhões estão sendo disponibilizados através do BNDES. Esta estrada deverá estar concluída em 2010.
Em dezembro de 2007, os Presidentes da Bolívia, do Chile e do Brasil assinaram em La Paz a “Declaração de La Paz”, decidindo concretizar a conexão interoceânica entre os três países. Será uma rota totalmente pavimentada, que permitirá trafegar do porto de Santos pelos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, no Brasil; pelos Departamentos de Santa Cruz, Cochabamba, Oruro e La Paz, na Bolívia, até os portos de Arica e Iquique, no norte do Chile, permitindo assim que esta iniciativa contribua para os objetivos nacionais e regionais perseguidos. Determina também esta Declaração, aos respectivos Ministérios de Obras Públicas e Transportes adotarem as medidas necessárias para a conclusão dos trechos rodoviários e demais obras necessárias para a interconexão entre os três países, tornando este corredor interoceânico uma realidade.
A reunião tripartite, Brasil, Bolívia e Chile realizada em 4 de julho passado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com o objetivo de promover a divulgação deste corredor rodoviário, serviu também para a discussão de temas relativos ao seu funcionamento, bem como, para marcar sua inauguração em setembro de 2009, na cidade de Porto Suarez, fronteira da Bolívia com o Brasil neste Estado.
Nada contra esta clara preferência do Presidente Lula pelos Governadores do seu partido. Infelizmente é a cultura político-partidária sobrepondo aos interesses maiores do País. Entretanto, será que Mato Grosso, como décimo maior exportador do Brasil, está sendo omitido e condenado a exportar seus produtos para os países andinos via Mato Grosso do Sul, passando por Campo Grande e Corumbá, ou via Acre, por Rio Branco e Assis Brasil, cujas fronteiras distam 1100 e 2200 km de Cuiabá, respectivamente?
O corredor rodoviário Cuiabá, Santa Cruz de La Sierra Arica tem 2100 km, faltando apenas 450 km, de San Matias a Concepción para ficar totalmente asfaltado. Se o destino for os portos de Ilo ou Matarani, no sul do Peru, via La Paz, a distância máxima é de 2400 km até Matarani.
Já disse outras vezes que integração sul-americana é um processo irreversível. O grande desafio agora é saber qual a melhor forma de atuar para construí-la, levando em conta os novos paradigmas do desenvolvimento, que devem estar livres de interesses promocionais de qualquer natureza. Como diz Eugenio Bucá, eles devem estar comprometidos com uma só causa, a da integração, e por integração deve-se entender a aproximação horizontal entre sujeitos sociais de nacionalidades distintas, que partilhem de projetos comuns num ambiente de pluralidade.

*Serafim Carvalho Melo é vice-presidente do Conselho de Integração Internacional da FIEMT

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