Recentemente um programa de esportes, na televisão, apresentou uma matéria sobre o choro, em público, de personalidades da área esportiva, especialmente jogadores de futebol, em momentos de grande alegria e de tristeza.Dentre os chamados ‘manteiga derretida’, está Pelé. Quem não se lembra de sua manifestação logo após marcar seu milésimo gol? E muitos outros como Romário e há pouco tempo Edmundo do Palmeiras, quando da desclassificação na Copa do Brasil, só para citar alguns,que deixaram rolar lágrimas diante de milhões de telespectadores.
E nós que não somos famosos?Há quanto tempo não choramos? Quanto tempo faz que nossos olhos não são inundados por lágrimas, por estas pequenas gotas que parecem nascer em nosso coração?
Assim como o fenômeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água, e o ar, também nossas lágrimas têm tal função, a de limpar nosso íntimo, a de externar nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar nossos sentimentos.Nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que ‘homem não chora’, ou de que ‘é feio chorar’, que surgem em nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por internalizarem-se em nosso ser, com reflexos na vida adulta.Estejamos na condição de homens, ou de mulheres na terra, todos rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento e tudo que deixarmos guardado virá á tona, cedo ou tarde.
Se forem bons sentimentos contidos, estaremos perdendo a oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando nossas relações com o próximo e conosco mesmo.Se forem desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los , de analisá-los, e de tomar providências para que possam ser erradicados de nosso interior.
As barreiras que nos impedem de emocionar, de chorar, são muitas vezes as mesmas que nos fazem pessoas fechadas, retraídas. Precisamos rompê-las para que os nossos dias sejam mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva, e nela encontra sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem bem. Desabafar, colocar para fora o que angustia o nosso íntimo, ou o que nos dá alegria , é um exercício precioso.
Como este texto, baseado e outro encontrado no site Momento Espírita, convidamos o leitor para uma reflexão:
A natureza nos concedeu a chuva para regar os campos e tornar o ar mais puro, também nos presenteou com as lágrimas, para que as nossas paisagens íntimas pudessem ser regadas , e para que os ares do Espírito, que somos, encontrassem a pureza. Choremos, sempre que tivermos motivos.
Valcir José Martins é administrador em Maringá (PR)