Desde que cheguei aqui, uma das imagens mais acolhedoras de Sinop é, no fim de um dia quase sempre quente, ver as cadeiras nas calçadas, as famílias tomando chimarão ou tereré, olhando as crianças brincando e cumprimentando os caminhantes que passam.
A boa sensaçao de que todos se conhecem, ou se reconhecem cansados mas felizes no fim do dia ensolarado de Sinop. Todos vêm para cá em busca de um lugar tranquilo e promissor para ganhar a vida. Aqui, acostuma-se com esse jeito meio sulista, meio nordestino e meio cuiabano de se viver. A tranquilidade é a regra. Ou pelo menos era.
Todos nos assustamos e nos sentimos acuados com tanta violência. Parece que vivemos naquelas cidades grandes que vemos na tv, com índices aterradores de assaltos, assassinatos, latrocinios e outros tipos de crimes que assolam esses grandes centros.
Claro que queremos crescer neste nortão do país, sabemos que junto com o bônus do crescimento vem o ônus das mazelas sociais, mas não precisava tanto.
Já não se pode deixar a casa sem muitas trancas, alarmes e cercas (que parecem não funcionar!), não se pode descuidar do carro, não se pode por a cadeira na calçada nos fins de tarde. Fica-se dentro de casa e os comentários sempre envolvem o amigo ou o vizinho que teve a casa arrombada durante o dia. A insegurança, a tensão, o medo e a impotência são companhias constantes.
Nao foi para isso que viemos de todos os lugares desse país imenso.
Temos o direito de colocar nossas cadeiras na calçada para curtir um fim de tarde sinopense. Temos o direito à segurança para não perdermos a tranquilidade para viver e trabalhar nesse lugar.
Elietti Martins é advogada e professora universitária