Imagine um bebê que acaba de nascer agora. Ele não tem cara de executivo, não carrega uma mala com alça na mão e não olha constantemente o relógio. No entanto, não há dúvida é um Administrador.
O próprio fato de viver é Administrar. Deveria haver uma disciplina, chamada Estratégias da Administração a ser estudada pela criança que ingresse numa escola de primeiro grau. Por um motivo muito simples: não é possível esperar a fase adulta para Administrar. Fomos nomeados diretores executivos da nossa vida no exato momento de nascer, e tivemos de assumir imediatamente o cargo.
Desde que é cortado o cordão umbilical, a criança tem de gerenciar sua maneira de rir, chorar e respirar, coordenar pequenos esforços e ações e administrar emoções intensas. Toma decisões em relação a dormir, acordar ou mamar, e mais tarde surge toda uma rede complexa de opções nas relações com os pais, irmãos e amigos.
Ao longo da vida, nasce a suspeita de que Administrar a si mesmo é mais difícil e complexo do que dirigir uma empresa ou empreendimento social. Talvez por isso haja um número tão grande de pessoas que, em vez de cuidar dos seus próprios assuntos, preferem Administrar – ou até manipular – a vida dos outros. Cegos conduzindo cegos, talvez? Sim. Quem não tem domínio sobre si mesmo procura, muitas vezes, ter poder sobre a vida alheia. Mas é um erro. Há 2.500 anos na Índia, *Maior do que um general vencendo a dez mil homens no campo da batalha é quem vence a si mesmo*. No alvorecer do terceiro milênio.
Buda possivelmente diria:
*Maior do que executivo administrando dez mil funcionários no campo de trabalho é quem administra a si mesmo*.
A Sabedoria manda desenvolver o autodomínio antes de pretender dirigir os outros. Na realidade, porém, aquele que tem verdadeiro poder sobre si mesmo já não sente necessidade de dominar mais ninguém. Isto é algo bonito, mas acaba criando um problema social. É raro encontrar sábios na Administração Pública, e as conseqüências disso são visíveis tanto na história como no atual momento do Brasil. Além disso, mesmo algumas pessoas aparentemente sábias e éticas podem ficar irreconhecíveis depois que assumem a posição de dirigentes. Isso ocorre quando elas trocam a sua consciência interior pela lógica da ambição sem limites. A dinâmica dos jogos de poder é inimiga da boa Administração, e só pode predominar na ausência de uma clara meta comum.
Naturalmente, o tema da Administração apaixona milhões. Quem dúvida? Há tantos livros lançados a esse respeito que os diretores de empresas poderiam ficar lendo, em tempo integral, a variada literatura sobre a arte de ser um bom executivo. Porém, o assunto não interessa apenas a dirigentes. Todos têm de ganhar aprendendo a pensar estrategicamente. Vejamos o caso de profissionais que desempenham tarefas aparentemente sem importância, embora sejam cruciais para o êxito da empresa como, como o Office boy, a faxineira ou o operador de máquina de fotocópia.
Sabe-se que trabalhar num prédio limpo é tão fundamental quanto a ter as tarefas de correio e banco bem realizadas e poder contar com uma boa e rápida reprodução de documentos. Em teoria, ninguém está mais longe da função de Administrador do que um funcionário que desempenha uma função humilde. Na prática, o funcionário de cargo aparentemente inexpressivo que pensa como estrategista tem todas as chances de identificar, e depois aproveitar, as oportunidades que a vida oferece, mas que ninguém pode perceber enquanto está limitado pela rotina mental da preocupação egoísta consigo mesmo. Quando o profissional está apto, as oportunidades aparecem.
Ismael Lemes Vieira Junior é bacharel em Administração de Empresas em Sorriso e pó-sgraduando em Gestão de Segurança Pública e Criminologia