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As raposas de Sansão

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Em artigo anterior eu disse que quatro foram às forças que rebocaram Silval Barbosa, circunstancialmente, ao posto de Governador títere do Estado em 2010, as quais são PT, PMDB, PR, PP. Juntos eles construíram a mais prodigiosa máquina político eleitoral já vista na história de Mato Grosso. Ao final de Agosto daquele ano o poderoso consórcio situacionista deu mostra a que veio via bilionária mídia que inundou o Estado desde o grotão até a Capital, em desafio ao adversário de que ele não se desfaria de suas ações com direito a voto, quer dizer, com direito a manter-se no controle do empreendimento Mato Grosso.

Sentido o golpe, desmobilizou Wilson Santos a sua campanha de rua, restringindo-a aos programas eleitorais de Rádio e TV, obrigatórios. A disputa, doravante, se daria em torno do loteamento do Estado, entre aquelas siglas. O que explica tamanho empenho dos situacionistas pelo controle do empreendimento Mato Grosso?

Sinal é aquilo que serve de advertência, que permite reconhecer ou prever algo. Por exemplo, fumaça avisa de que há fogo. Fogo, no caso, refere-se ao desmantelamento administrativo do Estado causado pela má gestão situacionista, comparável ao período pré Dante de Oliveira. O controle, que logo se mostrou inócuo, serviria aos situacionistas, entre outras, para abafar a fumaça do incêndio.

O primeiro alarme de fumaça soou em 2007. Quem o deu foi o Senador Jaime Campos quando recuou ao convite do então Governador Blairo Maggi para que o DEM assumisse a Secretaria de Infra Estrutura em lugar do garoto prodígio Pagot que haveria de assumir a Casa Civil.

Pesquisa encomendada pelo cacique Democrata deu que a Pasta se achava na UTI do déficit orçamentário, com previsão de saída só em 2013. Esta fumaça, e outras, ficariam por algum tempo abafadas pela mídia ufanista governista de que Mato Grosso estava na palma da mão, na mão de quem sabe. Quem sabe isto também explica o silêncio do Parlamento Estadual.  Os sofríveis serviços de saúde, educação, segurança, transporte, prestados pelo Estado a população, bem como os intermináveis movimentos grevistas dos seus servidores, hoje vistos, decorrem do desmantelamento.

Além do dito desmantelamento administrativo, arrogância e o exacerbado poder de alguns culminou por medicar veneno a parceiros situacionistas, medicamento este que todo governante a todo custo deve evitar, e isto, por causa da natureza do homem, da desonra.

Enquanto Agosto de 2010 marcou a que veio o consórcio situacionista, Julho, por sua vez, marcou o início de denúncias de supostas práticas nada republicanas praticadas pelos situacionistas – que não só chocou a sociedade mato-grossense como paralisou de vez o já cambaleante Governo – de superfaturamento em licitação para aquisição de maquinários, de perdão de dívida com a Fazenda Estadual concedido a empresa paranaense Fertipar, e de pagamento de forma inconstitucional de precatórios a Construtora Odebrecht. Estima-se que esses três casos custaram aos cofres públicos do Estado cerca de oitocentos milhões de reais.

Outros vazamentos citam suposta ilegalidade em liberação de licença para construção de Usinas Hidrelétricas, em licitação para aquisição de ônibus escolar, medicamentos, material escolar, e denúncia do TCE que aponta a paralisação de cento e cinqüenta obras públicas em todo Estado, com prejuízos incalculáveis a população.

Denúncia por investigação do Legislativo? Por investigação jornalística? Não. Mas do próprio seio situacionista, por causa da desonra. Hoje se vê que a turma da botina deu ao nosso Estado o mesmo tratamento que as raposas incendiárias de Sansão deram a seara dos filisteus.

A proposta de sediar uma das etapas da Copa do Mundo talvez seja a última festa privada patrocinada com dinheiro público promovida pelos situacionistas. O quadro da copa mais parece com o baile da Ilha Fiscal, última grande festa promovida pela monarquia brasileira que teve lugar nos luxuosos salões do Palácio da Ilha Fiscal, na Baía da Guanabara. Mas o que o Imperador e os seus convidados não sabiam é que se dançava sobre um vulcão. O resto, todos sabem.

Milton Figueirêdo Jr – ex-vereador e membro do diretório PSDB Sinop

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