A exclusão social, política, econômica e cultural não decorrem da vontade divina, nem de fatores geográficos ou de forças ocultas, mas sim pela forma como as camadas dominantes a cada momento da história se apropriam das estruturas do Estado e do governo e, a partir daí, definem políticas, estratégias e ações para facilitarem o acúmulo de capital e outros privilégios que as distinguem das grandes massas excluídas e da classe média.
De um lado temos as necessidades e aspirações do povo por uma vida mais dígna e com melhor qualidade, população essa que sente as privações do dia-a-dia. De outro lado, o estado de penúria ,miséria e pobreza em que vivem milhões de pessoas em cada país, em uns mais e em outros menos, contrasta com a opulência, a vida nababesca, a luxúria e os privilégios que caracterizam a vida dessas minorias que se apropriam da maior fatia do bolo econômico e das oportunidades sociais e políticas, gerando um fosso entre esses dois extremos, razão maior de algumas revoluções, guerras civis, protestos e manifestações de massa contra os donos do poder e as estruturas que lhe dão guarida.
Tendo este quadro simples e sintético de referência, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, em relação ao que se passa no Brasil, na América Latina, na Ásia, África e mesmo em países desenvolvidos que tudo o que os governantes realizam, face `as demandas sociais, ao longo do processo de exclusão social, política, econômica e cultural, que marcam a história, ainda é pouco.
Afinal, não podemos ficar aplaudindo os feitos dos govenantes quando sabemos que os recursos que custeiam tais obras e serviços públicos não saem de seus bolsos ou poupudas contas bancárias , são sim, são oriundos do que é arrecadado aos cofres públicos por uma carga tributária descomunal, em se trantando do Brasil, onde o povo, diferente de outros países, paga muito imposto e recebe em troca pouco do governo e mesmo assim, de péssima qualidade.
Além da falta de planejamento, acompanhamento e controle, a ineficiência e ineficácia na aplicação de tais recursos, ainda temos que conviver com verdadeiras quadrilhas instaladas dentro das estruturas administrativas que, associadas com interesses de grupos privados, acabam através a corrupção roubando preciosos recursos que deveriam ser bem aplicados para atender `as demandas da população.
Nos últimos 28 anos, o Brasil já vivendo sob governos civis e não pode ficar culpando a ditadura por tudo de errado que tem sido feito a partir do fim dos governos militares e nos últimos 25 anos vivemos sob o sígno da tão propalada Constituição cidadã e o chamado "estado democrático de direito"e o espírito republican,todavia, a carga tributária tem auementado muito acima das taxas de inflação e do crescimento do PIB, demonstrando que não existe falta de recursos, como alguns governantes demagógicamente propalam, mas sim maior eficácia e transparência na aplicação de bilhões e ultimamente trilhões de reais.
A atual carga tributária que recai sobre os ombros e o lombo do povo é uma verdadeira extorsão e um processo perverso de transferência de renda das camadas mais pobres e classe média para as camadas privilegiadas social, econômica e politicamente, onde os governantes estão inseridos sempre, apesar da demagogia e mentiras ditas, principalmente durante as eleições, de que quando eleitos os candidatos irão trabalhar para o povo. Na verdade, a busca de espaços nas estruturas de poder serve apenas para que os governantes coloquem-se a serviço dos interesses privados, pouco importa a denominação que seja dada.
O que de fato existe é uma convivêcia promíscua entre o Estado, os governantes com os interesses privados e as vezes até mesmo o crime organizado, seja de colarinho branco ou de outra cor. O que aconteceu e continua acontecendo com os envolvidos no escândalo do mensalão, apesar de que Lula e o PT sempre teimarem em dizer que nunca existiu, é apenas uma pequena amostra do sub-mundo da política, tanto no plano nacional quanto e talvez pior em todos os Estados e municípios brasileiros. Mesmo em Mato Grosso, ainda convivemos com muitos casos de acusacões de corrupção mal explicados e que continuam a povoar o imaginário do povo como se a impunidade fosse a norma geral nessas matérias. Super faturamento e licitações com cartas marcadas são apenas algumas dessas formas de transferência de recursos públicos para grupos econômicos que dilapidam o erário!
Como as políticas, as estrategias e as ações de governo continuam gerando exclusão social, política, econômica e cultural será objeto de uma próxima reflexão.
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia, Email [email protected] www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy