A pronta e decidida atuação do governo Lula contra o desmatamento criminoso, em especial nos 36 municípios campeãos do desmatamento (19 dos quais em Mato Grosso), através da implementações de ações preventivas e punitivas contidas no Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento na Amazônia – PPCDAM, motivou as elites dominantes locais, sob certa complacência do governador Blairo Maggi, articularem o chamado movimento “Reage Nortão”, cujo intuito central é impedir as ações, na falsa convicção de que em Mato Grosso e, em especial no Nortão, ainda prevaleceria uma “terra sem lei.”
Após questionar os dados do INPE, propagar avaliações catastróficas sobre a “falência dos municípios”, o tal movimento elege, agora, a chamada “truculência” dos agentes como pretexto para tentar barrar a operação Arco de Fogo.
Mesmo após a Ministra Marina Silva ter declarado em alto e bom som que o empresário sério e correto não tem o que temer, pois as ações visam atacar as ilegalidades, os líderes do tal movimento insistem em criar artificialmente um falso clima de terror, inclusive tentando insuflar a população ordeira e pacata contra os agentes públicos que estão na região. Essa atitude irresponsável levou o IBAMA ingressar com uma ação cautelar, acatada pela Justiça Federal, proibindo líderes do movimento de utilizarem rádios e TVs (concessões públicas) para criar clima de hostilidade contra as ações preventivas/punitivas em curso.
Será que esses senhores (parte podre do agronegócio) estão de fato preocupados com o meio ambiente, com as condições de vida e subsistência das populações locais e com os rendimentos dos trabalhadores (verdadeiro setor produtivo)? Ou suas reais preocupações são com seus lucros máximos sem compromissos com a sustentabilidade ambiental, no velho estilo liberal do “laissez faire, laissez passer” (“deixa fazer, deixa passar”)? Será que algum cidadão ou cidadã de bem sentirá constrangido ou incomodado ao deparar com um cerco da Polícia Federal combatendo atividades criminosas ou ilícitas?
Alto lá, dizem eles, “aqui não tem bandido!?” Será caras-pálidas?
Numa lista com os 150 maiores desmatadores da floresta, acusados de derrubar juntos mais de 50,4 mil hectares de floresta amazônica ilegalmente, a qual a revista Carta Capital obteve acesso, demonstra que todos os dez primeiros apresentam histórico de problemas na justiça relativo a questões ambientais ou têm interesse no desmatamento por serem proprietários de frigoríficos ou de rebanhos de gado.
A primeira da lista, Rosana Sorge Xavier, responsável pela devastação de 9,4 mil hectares em nosso Estado, pertence a uma família que possui o frigorífico Quatro Marcos, com sete unidades em Goiás e Mato Grosso. Outro dos listados, João Manoel Vicentini, teve sua prisão temporária decretada por crimes ambientais e de exploração ilícita de florestas. Vicentini desmatou 4,3 mil hectares de floresta no Mato Grosso.
A quinta do ranking, a empresa Agropecuária Jarinã S/A está brigando na justiça para se livrar das duas denúncias de crime ambiental. A empresa também desmatou uma região com extensão de 4,3 mil hectares no Mato Grosso. Fernando Sampaio Novais, que ocupa o sétimo posto na lista elaborada pelo MMA, é proprietário da Montana Farm, de Botucatu, no interior de São Paulo, desmatou 3,5 mil hectares no Mato Grosso. Consta ainda do Top 10 dos inimigos da floresta o nome de Jair Roberto Simonato, que teve sua prisão temporária decretada por grilagem de terras, esbulho, manejo fraudulento de florestas e corrupção. Simonato foi responsável pelo corte de 3,4 mil hectares no Mato Grosso. Além deles, Fernando Conrado e Silva, político mineiro que devastou 3,3 mil hectares de floresta no Pará.
Voltando a tese da “truculência”, pelo que eu sei, a operação Arco de Fogo, até o momento, não disparou um único tiro, diferentemente do “Caveirão” comandado por “tropa de eleite” que sobe os morros e favelas do Rio atirando e matando constantemente pobres, negros, crianças e alguns bandidos, de lambuja.
E o que dizer do recente episódio ocorrido em Tailândia-PA, onde madeireiros com ajuda de parte da população manipulada, impediram a saída de caminhões carregados de madeiras apreendidas? De agentes de fiscalização do IBAMA que são feitos reféns no cumprimento de seu dever legal? E o caso mais grave, ocorrido em Unaí-MG, onde auditores fiscais do Ministério do Trabalho foram cruelmente assassinados, durante operação contra ilegalidades trabalhistas?
A vida e os fatos demonstram que o combate a determinados crimes que são praticados por gente detentora de poder e capital, a exemplo do desmatamento ilegal e outros crimes contra a Amazônia, não pode ser realizado com os agentes públicos munidos de flores e bombons. Nesses casos, o mais prudente, é ir a campo com “canhões”, armados até os dentes!
Portanto, o empresariado honesto e de bem, os trabalhadores rurais, os pequenos e médios proprietários, os povos indignas, as populações locais constantemente vitimados pela violência do grande capital, nada tem a temer. Muito pelo contrário, devem aplaudir e apoiar a operação em curso que, certamente, terá como efeito a diminuição da criminalidade, violência e injustiças na região.
Miranda Muniz é agrônomo, Bacharel em Direito, Oficial de Justiça Avaliador Federal e Presidente Estadual do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.