No mês de outubro, mês missionário, a Igreja no Brasil reflete o tema "Brasil missionário partilha tua fé". Como batizados queremos viver em sintonia com este clamor, tão simples e tão atual. Não existe comunidade cristã sem a dimensão missionária. A missão é antes de tudo um testemunho de quem encontrou Jesus e por ele se apaixonou.
O Encontro com o Senhor Jesus acontece na sua Palavra, que é Palavra de vida, no irmão, por menor que seja, na Eucaristia, pão de vida eterna e na criação, obra amorosa das mãos de Deus por nós. Assim vem soar em nossos ouvidos "homens e mulheres tocados pelo encontro com Jesus, sejam missionários, partilhem a sua fé"!
A temática de partilhar a fé tem por objetivo chamar a atenção de todos os cristãos, de toda a Igreja para a importância da universalidade da missão que deve ser pensada para além das fronteiras geográficas, dos nossos limites de templos bem construídos, do nosso comodismo comunitário obtuso e mesquinho.
Uma comunidade missionária está aberta às necessidades do outro, mesmo sem sair para outras terras. A missão começa em casa, na comunidade, no lugar de trabalho, na rua. Não precisa gritar e nem mesmo sair com a Bíblia debaixo do braço. A missão é fundamentalmente testemunho, que passa pela prática do amor nas pequenas coisas. As palavras vencem, os testemunhos convencem. O mundo precisa de mestres, sábios, mas só acreditam neles se os mesmos derem testemunho.
O mandato de Jesus Cristo, "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19-20)", dispensa toda honra e regalias; é serviço, entrega gratuita, doação sem medida. O Papa Bento XVI no último consistório disse aos cardeais: "Jesus se apresenta como servo, oferecendo-se como modelo a imitar e a seguir".
Naquela ocasião, citou o exemplo dos filhos de Zebedeu, que buscavam "glória ao lado de Jesus, pedindo para se sentarem à sua direita e à sua esquerda". O Messias, responderá a eles aludindo ao cálice da sua paixão: "O serviço a Deus e aos irmãos, o dom de si, a fé autêntica imprime e desenvolve na nossa vivência cotidiana não no estilo mundano do poder e da glória". O Papa também lembrou aos cardeais que a Igreja não existe para si mesma, ela não é o ponto de chegada, mas deve remeter para além de si mesma, para o alto, acima de nós.
Na missão, Jesus se apresenta como servo e servidor, modelo a ser imitado e seguido. Missão não combina com luta de poder, busca de glória, de carreirismo, triunfalismo, reconhecimento público. Missão rima com o lava-pés e a cruz, entrega sem limites que não tem dia e nem hora. A veste de todo missionário, de todo cristão, é a humildade revestida de coragem e ousadia, rompendo com as "estruturas ultrapassadas, com a pastoral da conservação", com o comodismo coberto de medo do novo, "do aqui sempre foi assim".
Missão é partilha de vida, abertos aos sinais dos tempos, é sair na entrega desinteressada, é andar pelos caminhos do desconhecido, é dar-se sem esperar nada em troca, é deixar-se remover sem se promover. Que este mês missionário nos ajude a evangelizar partilhando a palavra e o testemunho, deixando o medo e a insegurança, e confiar Naquele que nos chamou e nos enviou em missão.
Missão é também partilha de uma fé vivida e comprometida. O Papa bento XVI escolheu o mês missionário para abrir o ano da fé (11/10/2012) e convocar toda a Igreja a fazer uma releitura dos documentos do Concílio Vaticano II numa perspectiva de anúncio profético sempre à luz da Palavra de Deus (Verbum Domini).
A carta do Papa "PORTA FIDEI", porta da fé é um convite à renovação de nosso Batismo e de nosso compromisso missionário de "despertar, propagar e confirmar a fé".
Irmã Maria Helena Teixeira, missionária na Diocese de Sinop – MT