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A violência anda solta: a quem recorrer ?

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Neste final de semana, fomos surpreendidos por mais um ato de violência cometido por jovens- desta vez, adolescentes de classe média alta, que espancaram um empregada doméstica- confundida com “prostituta”( prostituta pode?), quando saia de seu trabalho. Presos, graças a um vigilante e corajoso motorista de táxi, que anotou a placa do carro dos agressores, descobriu-se que outras mulheres,na mesma madrugada, também foram vítimas dos jovens ricos e, por certo, seguindo o exemplo do Brasil de hoje, fora do alcance da lei. O pai da jovem atacada lamentou:.“O país está atravessando uma fase de jovens violentos, porque muitos pais estão dando muita liberdade, muita mordomia e procurando pouco saber da vida que o filho leva fora da porta de sua casa. Eu quero somente que se faça justiça.”. Já o pai de um dos jovens agressores, saiu-se com essa “pérola”- ““Queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. Eles cometeram erro? Cometeram. Mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. É desnecessário, vai marginalizar lá dentro. Foi uma coisa feia que eles fizeram? Foi. Não justifica o que fizeram. Mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos…não pode. Essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? Existem crimes piores…. Uma pessoa normal vai fazer uma agressão dessa? Lógico que não. Lógico que estavam embriagados, lógico que podiam estar drogados… Ele é uma pessoa normal, um garoto normal.”. Ou seja, com “lágrimas de crododilo”, reconhece que seu filho- e os seus colegas- “crianças”, estão na faculdade- e parece que não estão aprendendo nada, erraram, mas não merecem ser presos, “existem crimes piores”- serão piores do que, como reconhece, os rapazes- aliás, crianças de 19 a 24 anos, poderiam estar “drogados”, “embriagados”, afinal, esse é o comportamento esperado de um “garoto normal”. Esse é o triste resultado de um país que está, a cada dia, afundando no lamaçal da impunidade, do crime, da morte da ética e da moral. Um pesquisador da Universidade de Coimbra recentemente numa conferência sobre “países descartáveis “- ou seja, á margem da comunidade internacional, como Iraque, por exemplo, citou o Brasil, dizendo que diante do caos que se observa hoje, na área de segurança pública, dentro de pouco tempo, a nossa segurança será mantida por tropas de intervenção da ONU. Nós seremos o Haiti do amanhã. a impunidade no Brasil é muito mais um problema cultural, do que de pobreza e ignorância. Daí que existe impunidade quanto ao bandido, autor de crime hediondo, mas também existe impunidade em todas as escalas sociais. de comportamento.

O bandido mata, convencido que não será punido. No entanto, o jovem de boa família, estudante, também transgride regras, convicto de que nada lhe acontecerá. A prática de atos ilegais ou irregulares – nem sempre criminosos – é alimentada pela impunidade e que vai desde a prática do homicídio, do assalto, do crime hediondo, até descumprir o estatuto do condomínio, furar o farol de trânsito, ou desrespeitar a faixa de pedestre. Em síntese: não se respeita mais sequer o idoso em fila de Banco, como aconteceu recentemente, com a morte de um idoso por um policial civil de São Paulo, que lhe deu um soco. Quem age irregularmente é esperto e quem cumpre as regras é babaca, ou otário. É esta a síntese do comportamento de grande faixa de brasileiros. Há, ainda, um aspecto a considerar: nas primeiras justificativas, os jovens disseram que “imaginavam que a vítima era uma prostituta”. E se fosse homossexual, índio Galdino, negro, favelado… pode agredir e matar?

Auremácio Carvalho é sociólogo e advogado em Mato Grosso

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