quinta-feira, 18/abril/2024
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A SW4 da primeira-dama pode ser o Elba de Emanuel

Fellipe Corrêa é 2º suplente de vereador por Cuiabá pelo Cidadania, criou o abaixo-assinado #ForaPaletó e já poderá pedir música no Fantástico se o prefeito processá-lo mais uma vez.
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É dia, e a elegante senhora desce da SW4 preta e segue acompanhada em direção à clínica de estética. Antes de conseguir entrar, é abordada por um homem armado e entrega a bolsa. Ele atravessa a rua, rende o motorista e foge com o veículo. Pela graça de Deus, ninguém se feriu.

Porém, ao mesmo tempo ocorria outro ato ilícito que passa despercebido: o carro era oficial e eram servidores públicos o motorista e a acompanhante daquela senhora, a primeira-dama de Cuiabá. Ela não pode cuidar da beleza? Deve! Mas usar veículo oficial para isso é improbidade.

A regra é clara: a própria Prefeitura regulamentou em 2013 que é proibido usar os automóveis oficiais para transportar familiares, e que eles são exclusivos para o serviço público. E o cabelo da primeira-dama – sempre impecável, diga-se de passagem – é atividade particular, correto?

É só procurar no Google para encontrar várias condenações de prefeitos por improbidade pelo mesmo motivo: suas esposas usando veículos da Prefeitura como se fossem seus. O Ministério Público do Paraná, por exemplo, entrou com uma Ação Civil Pública por improbidade contra o prefeito da cidade de Pinhalão, porque sua esposa usou carro oficial para ir ao salão de beleza.

O caso aconteceu em 2013, e em 2020 esse mesmo ex-prefeito foi alvo de operação da Polícia Federal por corrupção na sua gestão. Portanto, ele e Emanuel Pinheiro tem em comum não apenas esposas que vão ao salão com carro oficial: a conduta de ambos é só um sintoma da confusão entre o que é seu e o que é do povo. E a diferença é que aquele já foi preso, e este ainda será.

Mas não será pela SW4 da Prefeitura roubada em uso particular. No máximo o ressarcimento e um interminável processo por improbidade se alguém no Ministério Público se mover. Sobram escândalos de corrupção com o selo Emanuel de lentidão processual; será que são os vínculos de parentesco na cúpula do parquet? Quem ganha a prova do anjo lá escolhe ele toda semana.

São coisas da monarquia. A rainha vai ao salão com a carruagem real, o príncipe vai pra Brasília representar os interesses da Coroa e a maioria da Câmara – ops, Corte – aplaude animada o rei pelado: que roupa linda, Vossa Sobrancelha! Até os “novos” na Casa sabem que fazer diferente significa ver seus vassalos fora da folha da Prefeitura e o exílio das indicações nunca atendidas.

Esse baião palaciano sai do nosso bolso, incluindo o veículo oficial mais caro do que um MRV, o combustível e o salário do motorista. “Ah Fellipe, Emanuel já fez tantas coisas piores e saiu por cima…” Bem, Fernando Collor estava mergulhado em denúncias mas caiu mesmo foi por causa do Elba da sua mulher. E se um Elba derrubou o ex-presidente, essa SW4 é mais que suficiente.

De qualquer forma, deixando meu otimismo de lado, você consegue imaginar o que o bandido pensou quando descobriu que havia roubado o carro do Prefeito? “Que lambança!” O mesmo deve ter passado na cabeça do prefeito, que foi professor de direito, quando lembrou que sua mulher estava indo ao salão com um carro oficial quando ocorreu o assalto: “que lambança!”

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