quinta-feira, 12/dezembro/2024
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A saga da boate Kiss: Se não pagar a conta, morre.

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A filosofia do dono da Boate Kiss em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde ocorreu a tragédia que resultou na morte de mais de 230 pessoas, na madrugada de sábado, parece que era a de "se não pagar a conta, morre". E agora? Quem vai pagar a conta? Infelizmente a perda dos entes queridos das famílias não tem preço, dinheiro nenhum vai cobrir a saudade que os filhos irão deixar, muito menos trazê-los de volta.

A situação é tão grave que o mundo inteiro está perplexo. Eu e minha esposa nos emocionamos ao ver tanto sofrimento. Todos os veículos de comunicação do Brasil alteraram sua programação para priorizar a tragédia em tempo integral. A cada minuto uma informação lamentável. O pior é que, todas elas, levavam a uma conclusão: tudo poderia ter sido amenizado, caso os seguranças tivessem um mínimo de sensatez, ou se não fossem tão estúpidos em suas ignorâncias ao colocar o pagamento da conta em primeiro plano.

Dizem que o pior cego é aquele que não quer enxergar. Pois bem, por que os seguranças não perceberam que a boate estava em chamas? Como eles não sentiram o cheiro de fio queimado, ou gás? A tragédia aconteceu por falta de qualificação dos seguranças. O tumulto aconteceu por um desespero que surgiu por uma agravante muito maior do que uma simples briga. Este triste episódio lembra-me a colisão ocorrida entre os aviões do jato Legacy envolvidos no acidente que levou à queda de um avião da Gol em 2006, que matou 154 pessoas. Por um simples prazer, por vontade de ficar tomando umas e outras, desligaram-se todos os compartimentos da aeronave e… que se dane o mundo. Bom, pelo menos as investigações caminharam para esse desfecho. Muitas vítimas, muita dor e muita tristeza para uma condenação pífia, absurda e inaceitável para os pilotos norte-americanos.

Na capital mato-grossense, Cuiabá, o prefeito Mauro Mendes, após a tragédia de Santa Maria-RS, decidiu que todas as boates serão fiscalizadas já, com o objetivo de verificar se elas estão com o alvará de funcionamento em dia, se têm saídas de emergência, acesso para portadores de necessidades especiais, entre outros itens. A decisão é oportuna e merece ser aplaudida. Entretanto, acredito eu que é preciso, também, rever a qualificação dos seguranças no intuito de saber qual a reação deles numa situação equivalente. Que Deus permita que nunca seja por suspeita de que o desespero do povo esteja ou seja envolvido por eles não quererem pagar a conta. Isso é ridículo.
Uma das cenas mais difíceis em toda a cobertura da imprensa nacional foi o depoimento da presidente Dilma: suas lágrimas deram um nó na garganta de todo o pais, além de expressara gravidade.

Que os culpados sejam indiciados, julgados e condenados. Que essa tragédia sirva de exemplo para todo o Brasil no que diz respeito à fiscalização dos eventos noturnos. Que a filosofia do trabalho dos seguranças seja, de fato, de garantir a segurança dos frequentadores que desejam apenas se divertir, sem algazarras e sem conflitos.
A vida é, e deverá ser sempre, muito mais importante do que uma conta de um boteco.

Gilson Nunes é jornalista em Mato Grosso [email protected]

 

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