Mato Grosso vive nesses últimos dias a retomada do desenvolvimento. A entrega dos 705 maquinários aos 141 municípios já entrou para a história. O programa “Mato Grosso 100% Equipado” representa uma das maiores ações de inclusão que o estado realizou. Está de parabéns o Governo do Estado por tomar uma atitude ousada e de parceria com os municípios, que carecem de recursos e são os que menos recebem da fatia do bolo de arrecadação. Porém, são os que mais arcam com as despesas públicas e os que sentem na pele os problemas oriundos, por exemplo, com as más condições das estradas.
O mérito dessa conquista também se estende aos deputados estaduais que, por unanimidade e de maneira célere, aprovou o empréstimo de R$ 241 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) na aquisição das máquinas. Há mais de 10 anos Mato Grosso não tinha espaço fiscal para realizar investimentos dessa magnitude. Fomos questionados, à época, por termos aprovados o financiamento tão rapidamente, mas isso só aconteceu porque todos os 24 deputados conhecem a necessidade dos municípios e as dificuldades devido às péssimas condições das estradas. Além disso, sabíamos que o governador faria a distribuição desses equipamentos de forma igualitária, contemplando todos os municípios independentes de siglas partidárias.
Nesse último mês, tenho participado da entrega oficial das máquinas em vários municípios. Pude ver no rosto de muitos a felicidade estampada e um renovo de esperança em pessoas que antes se sentiam esquecidas. De pessoas que necessitam no dia-a-dia enfrentar os buracos, os lamaçais e a poeira para irem trabalhar ou até mesmo às escolas. Prefeitos agradeceram aliviados porque não terão que gastar, por um bom tempo, com a manutenção de maquinários velhos que mais pareciam uma despesa certa do que uma ferramenta útil. É o caso de Jauru, que há 25 anos não tinha um equipamento novo.
Com esses maquinários, a classe produtora mato-grossense também é beneficiada. Com uma melhor logística de escoamento da mercadoria, os custos serão menores, fazendo com que os produtos cheguem com preços mais competitivos no mercado consumidor, com a justiça e respeito de um estado considerado Celeiro do Brasil.
Desta forma, Mato Grosso cumpre o seu papel e assume responsabilidade, investindo em infraestrutura. Enquanto o Congresso Nacional permanece omisso diante de várias matérias, como votação de um orçamento impositivo e da realização de uma reforma tributária, questões que aprovadas poderiam melhorar e muito a situação de nossas cidades, diminuindo a desigualdade regional, o nosso estado toma uma atitude ousada e em defesa da independência dos municípios.
Em minha opinião, a União deveria fazer um trabalho para detectar as desigualdades desse país, assim como fizemos em Mato Grosso, tanto que o resultado pode ser visto no livro Desigualdades Regionais, que está em sua segunda edição. O Governo Federal também deveria investir mais nos municípios. É muito fácil abocanhar a maior fatia do bolo de arrecadação, enquanto os municípios são os que mais arcam com as despesas sociais. E são os quem têm percentual obrigatório de investimentos em determinadas áreas como na saúde e educação. Por outro lado, é os que recebem a menor parte, apenas 15%, recurso ínfimo diante das mazelas que enfrentam. Diante desse quadro, os prefeitos muito pouco podem fazer.
Nós, deputados municipalistas, sabemos dessa realidade, dos problemas não só com estradas, mas com a falta de especialidades médicas, que faz abarrotar a Capital mato-grossense de pacientes, vindos de toda parte do estado. Quando visitamos a nossa base, vemos quão desestimulado está o povo mato-grossense. Essas máquinas, podem não resolver todos os problemas, mas vem como um alento por dias melhores. É um marco. Sem dúvida nenhuma.
José Riva é presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso