A história de Roma antiga é fascinante. De um pequeno povoado tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade, chegando a dominar toda a península itálica, o mar mediterrâneo (o qual passou a chamar de “Mare Nostrum”), Cartago, Grécia, Egito, Macedônia, Gália, Germânia, Trácia, Síria, Palestina, dentre outras localidades.
A própria cidade de Roma chegou a possuir uma população de aproximadamente 1 milhão e 200 mil habitantes, feito este somente alcançado, por outras cidades, quase dois mil anos depois.
Dos romanos, herdamos uma série de características; a influência do direito romano sobre a legislação européia é imensa e perdura até hoje. O mesmo acontece com o sistema jurídico vigente em praticamente todos os países latino-americanos.
Ainda no campo do direito, tem-se que a maior contribuição daquela civilização para a cultura jurídica atual não foi apenas a promulgação de leis inovadoras para a época, mas também o surgimento de uma classe de juristas profissionais e de uma ciência do direito, tema que os gregos jamais haviam tratado como ciência no passado.
A cultura romana foi muito influenciada pela civilização grega, da qual copiaram muitos aspectos da sua arte, pintura e arquitetura. A língua falada era o latim, que mais tarde se espalhou pelos quatro cantos do império, dando origem na idade média, principalmente, ao português, ao francês, ao italiano e ao espanhol.
A mitologia romana é interessante na medida em que buscava através de contos e narrativas, formas de se explicar determinados aspectos da realidade, fatos estes que não conseguiam esclarecer de forma científica.
A civilização romana deve-se ainda uma série de conquistas e avanços, principalmente na área da engenharia como a construção de pontes, represas, túneis e estradas. Aliás, a primeira estrada totalmente pavimentada foi a chamada “Via Apia” iniciada em 312 a.C. e que possuía 300 Km.
A invenção do concreto a prova d’agua da forma como conhecemos hoje foi um feito sem precedentes, que juntamente com o desenvolvimento do arco romano propiciou a edificação de grandes obras, como prédios públicos e aquedutos.
E por falar em aquedutos, estes propiciaram uma verdadeira revolução no estilo de vida romano, uma vez que abasteciam as cidades com água corrente, responsável por retirar os dejetos e manter as cidades limpas. Com o fácil acesso da água corrente, os romanos passaram a desenvolver o hábito de se lavar constantemente, o que acabou por gerar um sentimento de superioridade perante os demais povos, os quais julgavam sujos e fétidos.
Mas como naquela época nem tudo eram flores, com a política de conquistas dos Césares, o Império Romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Os povos conquistados foram escravizados e a mão de obra antes composta por camponeses assalariados, foi substituída por escravos.
Com o crescimento urbano, vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas, em busca de trabalho e melhores condições de vida.
O imperador temendo que a população se revoltasse e como forma de eliminar qualquer espécie de pressão social, acabou criando a chamada política do pão e circo ou “panem et circenses”. Por essa política, o Estado buscava promover espetáculos como meio de manter os plebeus afastados das discussões sociais. Era, em suma, uma maneira de manipular a plebe e mantê-la distante das decisões governamentais.
Os Césares encarregavam-se ao mesmo tempo de alimentar o povo e distraí-lo. Havia distribuição mensal de pães no “Pórtico de Minucius”, que assegurava o pão cotidiano, e a realização quase que diariamente de espetáculos para entreter a massa de 150 mil homens desocupados.
No auge desta política, foram promovidos tantos eventos para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a possuir 175 feriados por ano. Em síntese, transcorridos vários séculos, mais de dois mil anos depois, em tempos de fome zero, bolsa família, copa do mundo e olimpíadas, só podemos concluir, que na arte da política, eram os Césares apenas amadores.
Auro Guilherme de Matos Ulysséa é advogado e especialista em Direito Público