Muito recentemente, tive a felicidade de encontrar e rememorar uma prova do meu ensino fundamental preenchida em 1969 – há quase 50 anos. O teste foi aplicado na já extinta Escola Rural Mista, que foi modestamente edificada no tradicional bairro várzea-grandense da Guarita.
A maior surpresa relacionada à avaliação não foi a ortografia escrita nela, nem ao menos a data posta no cabeçalho, mas sim o conteúdo daquele teste. Ao contrário do que vemos hoje, a prova não era composta de múltiplas alternativas e, para gabaritá-la, era preciso citar os nomes de ex-presidentes da República e a data em que foi celebrada a primeira missa no Brasil.
Olho para aquela avaliação e desejo profundamente que todas as crianças da atual geração tenham a formação que tive. Pois, infelizmente, arrisco dizer que hoje são poucas as pessoas com nível superior que responderiam, de imediato, questões semelhantes àquelas. Mesmo com poucos recursos, há 50 anos tínhamos uma educação eficaz.
Já na Cuiabá dos 299 anos, o cenário da educação, apesar de ter passado por um processo de resgate e de saldos positivos, não integra a conjuntura dos sonhos de um gestor.
Dentro do saldo positivo está que, hoje, a população cuiabana pode contar com 51 Creches Municipais e 20 unidades de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI). Nesses centros, é possível ter o auxílio de Cuidadores de Aluno com Deficiência (CAD), profissionais capacitados, infraestrutura e salas multifuncionais.
É importante destacar que a bandeira da educação também tem como aliados os mais de nove mil profissionais da área que se dedicam, todos os dias, à oferta de um ensino de melhor qualidade. Trabalho que fortalece a luta por um ensino melhor.
No entanto, neste aniversário da Capital, é necessário enfatizar que a Educação precisa ser prioridade da gestão pública. Em 14 meses, a atual administração municipal inaugurou três CMEIs e deve entregar somente mais duas unidades neste ano. A meta do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) é de chegar a 11 CMEIs entregues – enquanto que a gestão anterior entregou 16. Na gestão pública, é imprescindível que os objetivos sejam otimistas para que os resultados sejam satisfatórios.
No que se refere à questão do Plano Municipal de Educação (PME) – que vigora desde 2015 e até 2024 –, é preocupante constatar a movimentação para rever e alterar as metas pré-estipuladas. Os objetivos do Plano englobam, por exemplo, a valorização dos profissionais da educação das Redes Pública e Privada; a garantia do Ensino Fundamental para 100% das crianças entre 6 e 14 anos e a universalização da Educação Fundamental e Infantil no campo. Repensar tais objetivos da Educação Municipal, nessa altura da gestão, é claramente regredir em resultados que beneficiariam a população cuiabana.
Diante do atual cenário, é necessário que toda a classe política esteja empenhada em reverter o quadro da Educação na capital e, juntamente ao atual secretário de Educação, Alex Vieira Passos, trabalhar para entregar o máximo de feitos possíveis para os cuiabanos.
Rumo aos 300 anos, torço para que a atual gestão esteja atenta à importância da Educação. Esse é o caminho para que as novas gerações tenham a oportunidade de preencher provas tão complexas quanto àquelas preenchidas há 50 anos.
Manifesto profunda gratidão por todos os professores que já passaram pela minha vida estudantil e acadêmica – especialmente à professora Maria do Carmo Conceição, como bem ficou registrado no cabeçalho daquela prova, pela dedicação em minha formação.
Avante, Cuiabá.
Gilberto Figueiredo (PSB) é vereador e presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Cuiabá