Quando penso em Copa do Mundo, vem logo aquela musiquinha na cabeça: "A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa…" É muita vibração, muita emoção, contagia todo mundo ! Agora imaginem: A Copa do Mundo no Brasil! Em Cuiabá!No Pantanal! É emoção em dobro! É ter a chance como torcedora de sentir essa emoção fora da tela da TV. E ao mesmo tempo estar dentro da "telona", pois com um evento dessa magnitude acontecendo por aqui, o mundo vai nos ver.Todo o mundo verá Mato Grosso!
No entanto, mesmo diante de tanta euforia, como boa brasileira, fico com os pés do chão e com os olhos e ouvidos bem atentos às notícias sobre os preparativos, as obras, torcendo para que os "bilhões de reais" sejam aplicados e bem aplicados.
Essa preocupação é porque entendemos que a Copa do Mundo não é meramente um evento desportivo e de entretenimento da massa, mas que o desenvolvimento das cidades-sede e seu entorno é o fator principal. Por esse motivo a disputa das cidades brasileiras para ser sede foi dura, com apresentação de projetos grandiosos de estádios, mais parecidos com arenas multiuso. Além, é claro, de interesses políticos e briga de bastidores para atingir o objetivo de sediar uma etapa do Mundial.
Ao pensarmos em benefício para as cidades brasileiras escolhidas e especificamente em Cuiabá e Várzea Grande, a reforma na infra-estrutura com reflexos para os municípios próximos será o principal. As reformas e construções dos estádios, aeroportos, estradas, portos e modernização dos transportes públicos são pontos prioritários.
O segundo benefício para o Brasil e para Mato Grosso, como citei no início, será a exposição de sua imagem. De acordo com a Fifa, somente na última copa, na Alemanha, 30 bilhões de telespectadores, em 240 países, acompanharam os jogos pela TV. Portanto, o evento é uma vitrine para fortalecer o turismo no Brasil. E imagine em nosso Estado, com toda essa vocação turística? Será a consolidação como pólo turístico e de eventos internacionais.
Esperamos que um evento com essa proporção traga resultados positivos como: melhorias na rede viária, na mobilidade urbana, na rede hospitalar, investimentos em segurança pública, qualificação da mão-de-obra, geração de emprego e renda, modernização da rede hoteleira, reurbanização das cidades-sede, fortalecimento do setor de serviços, aumento da arrecadação e elevação da auto-estima da população.
Notícias dão conta de que se espera criar 3,6 milhões de empregos para o evento e que isso vai injetar R$ 155,7 bilhões na economia brasileira. Pelos benefícios e pelos números percebe-se que um Mundial tem a capacidade de mudar a cara de um país.
Mas a coisa não é tão fácil assim não. Como eu disse logo de início há que se aplicar bem os recursos destinados para esse fim. E para que isso seja feito tem que haver o planejamento e comprometimento para execução de todas as obras necessárias. Experiências, dão conta de que no Brasil infelizmente, planejamento não é o forte, muito menos cumprimento de prazos, mas temos esperança.
Um outro desafio é a corrupção. Serão bilhões investidos para o evento e dinheiro fácil, por aqui, sempre foi perigoso.
Fica claro que esse mundial será uma grande exposição para o Brasil, para Mato Grosso. Mas há que se entender que ao mesmo tempo em que o mundo verá nossas qualidades e belezas, ele também poderá ver nossas mazelas diárias, como a desigualdade social, a insegurança, a desorganização e a corrupção.
Cuiabá terá que enfrentar suas dificuldades e resolver seus problemas, principalmente no que se refere a infra-estruturar urbana, sistemas de transporte, saneamento e limpeza pública.Esta última tem sido um problema e não é de hoje.
Boa parte do dinheiro que será destinado às cidades será usada na modernização dos principais aeroportos. O sucesso de uma Copa também depende da facilidade com que os turistas viajam pelo país. Pelo menos 3,1 milhões turistas nacionais e 600 mil estrangeiros vão circular pelo Brasil durante os meses do Mundial. Todos gastando mais dinheiro e aquecendo a nossa economia.
Temos que salientar ainda que a estrutura que será montada para a Copa do Mundo vai além dos estádios e avenidas de acesso, as cidades devem investir não só no que está diretamente relacionado ao futebol, mas em tudo que envolve receber um grande número de turistas. Investimentos na rede hoteleira, nos hospitais, e até a revitalização de pontos turísticos devem entrar na pauta das prefeituras. Uma das grandes vantagens desse evento esportivo é exatamente divulgar as cidades como destinos turísticos, e para não fazer feio é preciso investir.
A segurança deve ser outra preocupação. Não só momentaneamente para os turistas que visitarão a cidade, mas de forma duradoura, mudando a realidade de quem vive aqui.
O combate à violência nos estádios será outro ponto importante, embora na Copa do Mundo não exista torcidas organizadas. O Brasil deve se valer do conhecimento e as técnicas que serão trazidas por outros países que já sediaram o evento, para nos ensinar como lidar com essa violência.
O Brasil e especificamente Mato Grosso terá que aprender a se organizar e trazer essa organização para os seus campeonatos. O mundial de 2014 vai ser uma escola.
Eu pessoalmente, espero ainda mais dessa Copa. Espero que seja aproveitada a oportunidade para se tirar proveito no sentido de transformá-la em instrumento de construção do nosso próprio desenvolvimento sustentável.
Nesta perspectiva a oportunidade é especial. Como sabemos o futebol pode ser uma poderosa ferramenta de educação, saúde e cultura de um povo. Mas para que isso ocorra é necessário que haja uma intenção clara nesta direção. Portanto tratar este fenômeno esportivo e social com consciência e visão estratégica deve fazer parte das ações de todos aqueles que pretendem contribuir para o crescimento de um país e de um Estado em desenvolvimento como o nosso.
Ivani Vicente Pereira é Administradora de Empresas; Pós Graduada em Gestão Pública/MarketingDocente Nivel Superior/Docente de Pós Graduação; Mestrando em Ciências Humanas Aplicadas na Educação – Universidade Politécnica Y Artística Del Paraguay (UPAP).