O jornalismo é um instrumento de comunicação cujo objetivo é difundir a notícia com a mais clarividência e verossimilhança possível, para o bem da sociedade. Sabendo de sua responsabilidade, ela procura, e deve, expressar a verdade em sua essência “in-natura”. Entretanto, em época de eleição, essa realidade não se mantém e os fatos são, inconcebivelmente, burlados. Os jornais impressos alternativos, os jornais on-line, tablóides, panfletos, são alguns dos desvios ou recursos utilizados pelo jornalismo. Esses jornais, todavia, não possuem ou não conquistaram o troféu da credibilidade popular.
Um dos princípios básicos do jornalismo é a apuração do fato: onde ele surgiu, como surgiu, quem é o agente da ação, quando e por que aconteceu. Diante dessa premissa, nem todas as informações advindas de campanha política, carecem de investigação e, por conta disso, não são levadas a sério por parte das autoridades, muito menos pelo povo. A quem interessaria, por exemplo, a frase: “Muito já se fez mas, ainda há muito o que fazer”. Quem vai procurar saber o que é que foi feito? Onde foi feito? Por quem foi feito e por que foi feito? A frase ainda nos remete a refletir sobre: o que é que há para se fazer? Fazer o que, afinal? onde fazer, quando fazer, e, completando, por que é que não foi feito?
A esses chavões de campanha, onde se promete e se acusa, se denuncia, ofende ou se é ofendido através da mídia, não passam de contra-informação, ou, ainda, contra-cultura do jornalismo. Quem faz veicular essas informações não é a empresa propriamente dita, mas sim, os mandatários do poder que, ao invés de usar o horário político para fazer suas campanhas de forma clara, com propostas conscientes e confiáveis, preferem inundar a cabeça das famílias com baixarias, sejam elas por denúncias vazias ou não. No pleito eleitoral, o que de fato a sociedade realmente precisa, é ser conscientizada da importância de seu voto e não das calhordices, tanto de quem fez, quanto de quem procedeu a denuncia, pois não a fez ou faz por motivo de justiça, ética ou responsabilidade social, mas sim, por interesse de se auto-valorizar, promover-se, vangloriar-se em função de seu oponente.
A contra-cultura, colocada ou vista por este ângulo, tem a conotação de confundir o povo em detrimento da falta de um programa de governo. E quando não há programa de governo, não pode haver compromisso com o povo, menos ainda, responsabilidade social.
Por excelência, ou por ironia do ofício, a contra-culutra no jornalismo também existe fora da política. Ela está presente no nosso dia-a-adia, às vezes para contrapor os fatos mais intrigantes, pesados, e de difícil digestão. Essas informações são: acidentes com registro de óbito, estupros, violência, principalmente contra a mulher, assassinatos, sem contar, ainda, com as constantes decepções da sociedade quanto aos desvios do dinheiro público, da falta de segurança, e de tantas outras faltas citá-las aqui, preencheríamos boas laudas.
O conjunto da obra, não obstante, não pára por aí. Há ainda outro fator capaz de alterá-la: a pesquisa eleitoral. A verdade é que nem toda pesquisa veiculada na mídia durante a campanha eleitoral, é passiva de credibilidade. Em certos casos, ela faz o papel da contra-informação, pois sua função é contestar o resultado de uma outra que apontou o candidato oponente com percentuais melhores. Desse modo ela levanta a suspeita de ter sido contratada com a intenção de confundir o eleitor na hora “H” do dia “D”.
O mais importante de tudo isso, é o eleitor saber deste então, em quem vai votar, conhecendo o seu candidato, seus princípios, sua verdadeira força, tanto política, ao que se refere à sua capacidade administrativa. Que tem candidato com esse perfil, não resta a menor dúvida, porém, nenhum candidato deverá estar livre de fiscalização por parte de seus eleitores. Que vençam os mais preparados, honestos e que, de fato, queira trabalhar em prol da sociedade, da coletividade. Sarava!
Gilson Nunes é jornalista e técnico de T.I.