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2010 – Por uma política com política

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Nesse começo de 2010, muitas expectativas brotam do imaginário popular quanto a dias melhores. E por certo, a política, nem de longe, é alvo de qualquer um desses desejos coletivos. As explicações para esse fenômeno de rebeldia individual de aceitação da política já são enfaticamente sabidas pela sociedade ao longo dos últimos anos.

São escândalos que colaboram para esse tipo de negação social sobre as possibilidades de transformação social por meio da política. É até chato bater nessa mesma tecla num artigo como esse. No entanto, é bom que se frise que essa rejeição social a tudo que provém da política, pode ser muito perigoso para o aprofundamento dessa "banda podre" da política.

Sendo assim, minha motivação ao escrever esse artigo, é justamente, sair em defesa da política. Mas é claro que a política a que me refiro, é a política com política, sendo esta metáfora, a expressão pura da política direcionada ao dever e compromisso público.

Num livro muito interessante chamado "Em Defesa da Política", do sociólogo Marco Aurélio Nogueira, a política estaria dividida em três momentos distintos e interdependentes: a política dos políticos; a política dos cidadãos e a política dos técnicos.

Esse tipo de divisão enuncia um quadro na qual a política se legitima no discurso dos políticos e nos dados dos técnicos. Sendo a política dos cidadãos, apenas um instrumento paliativo, no qual, por diversos momentos, é esquecida e abandonada pela luta pelo poder dos políticos.

A política partidária da qual reconhecemos a política utiliza-se da cidadania apenas como estratégia para conquistar o poder político. E isso não é novidade para ninguém. O pai da política Nicolau Maquiavel (séc. XVI), inspirou muitos políticos a elaborarem suas ações segundo o jargão do qual os fins justificariam os meios.

Mas é preciso se contrapor a esse tipo de naturalização da política vista apenas sob a ótica dos políticos. É bom que se diga que a política não é exclusividade dos políticos. Os políticos só estão onde estão por força da vontade geral da sociedade manifestada através do voto. O compromisso dos políticos é também o compromisso da sociedade.

Os políticos só fazem sentido quando estão diretamente conectados a sociedade. Mas cabe também a sociedade construir mecanismos eficazes e concretos de controle social da política. O voto é apenas uma das partes desse mecanismo permanente e constante de participação social.

Posso estar repetindo muitos dizeres que outros intelectuais já pontuaram. Mas gostaria de insistir nessa necessidade da sociedade participar mais ativamente da política, não deixando essa tarefa exclusivamente a cargo dos políticos.

E só estou dizendo isso nesse começo de 2010, porque estamos num momento propicio de euforia e expectativas individuais de um 2010 cheio de paz, alegria, saúde, etc. Maravilhoso seria se parte desses desejos fossem canalizados para a política. Até porque, não há transformação sem política, na mesma razão que a política só faz sentido para a transformação.

A política é então a "arte" de todos os membros da sociedade. Todos nós fazemos política. E se a política for assim percebida como algo de todos para todos, a política partidária, terá que se curvar a política dos cidadãos. E certamente, as eleições de 2010, poderão ser o ponto de transição para uma política efetiva com ética e compromisso social. Enfim, uma política com política.

Oseias Carmo Neves é sociólogo e professor do departamento de Pedagogia da Unemat/Juara

 

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