O município de Juruena (880 km a noroeste de Cuiabá) tem o maior índice de homicídios, a cada 100 mil habitantes, do Brasil. Esta é a terceira vez consecutiva que a cidade aparece em destaque no estudo Mapa da Violência – Anatomia dos Homicídios no Brasil. Porém, a Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sejusp) discorda dos resultados.
A edição 2010 da pesquisa foi anunciada ontem pelo Instituto Sangari e apontou que entre os anos de 1997 e 2007 houve uma queda nos registros de homicídios nas capitais e aumento no interior dos Estados brasileiros. Mato Grosso segue a tendência nacional de queda por número de habitantes, embora em registros gerais houve um acréscimo de 16,3%. Foram 767 homicídios em 1997, contra 892 em 2007. Na análise que leva em consideração o crescimento populacional, o Estado tem queda de 8,6%, em 10 anos.
Em Cuiabá, os registros caíram 12,3%, em números absolutos. Foram 244 mortes em 1997 e 214 em 2007. A diminuição na Capital mato-grossense em dados comparativos com o crescimento populacional é de 29,9%.
O Mapa da Violência mostra ainda que Mato Grosso está acima da média nacional no aumento de mortes de jovens com idade entre 15 e 24 anos. Enquanto o Brasil teve crescimento de 22,5% nos registros de homicídios nesta faixa etária, Mato Grosso saltou de 179 casos (1997) para 249, um aumento de 39,1%. Rondonópolis foi o município com maior crescimento no Estado e ocupa o 13º lugar no ranking nacional. A taxa de homicídio, por 100 mil habitantes, foi de 47,7 na maior cidade do Sul de Mato Grosso. No Centro-Oeste, Goiás foi o Estado com maior taxa, 175,1%.
Em Cuiabá, a morte de jovens com idade entre 19 e 25 anos foi crescente em números absolutos (2,4%) e comparativos com o aumento populacional (5,3%).
Número alarmantes – Apesar da diminuição de mortes no território nacional, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, que coordenou os estudos, destaca que os dados impressionam pela “magnitude”. “No ano de 2007, com todas as quedas havidas, aconteceram acima de 47,7 mil homicídios, o que representa 131 vítimas diárias”, descreve, comparando com o massacre do Carandiru. Em 10 anos, o Brasil registrou 512 mil homicídios.
Outro lado – Para o delegado Carlos Henrique Engelmann, titular em Cotriguaçu e responsável por Juruena, os números da pesquisa não representam a realidade, uma vez que mortes provocadas por acidentes de trânsito e trabalho muitas vezes são registradas como homicídios. Ele destaca ainda que Juruena não é um local perigoso para se viver e não há a sensação de insegurança entre os moradores.
O secretário de adjunto de Assuntos Estratégicos da Sejusp, Alexandre Bustamante dos Santos, destaca ainda que em 2008 foram registrados 2 homicídios na cidade e nenhum caso em 2009 e 2010. Ele questiona a metodologia do estudo que não serve para municípios com baixo número de habitantes, como a maioria das cidades do interior de Mato Grosso.