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Padre jesuíta assassinado em Mato Grosso durante a ditadura é homenageado pelo Ministério Público

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Redação Só Notícias (foto: assessoria)

O auditório da Sede do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), em Cuiabá, foi nomeado em homenagem ao padre jesuíta João Bosco Penido Burnier. Ele foi brutalmente assassinado em 1976 pela Polícia Militar de Ribeirão Bonito, atualmente município de Ribeirão Cascalheira (a 772 km de Cuiabá), no dia 11 de outubro de 1976, enquanto defendia mulheres que estavam sendo torturadas em uma delegacia.

Com 33 anos de atraso, o Governo Federal admitiu oficialmente, em dezembro de 2009, por meio da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que a morte de Burnier havia sido crime político. Nascido em 11 de junho de 1917, na cidade de Juiz de Fora, o sacerdote se formou em 1946 em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, onde foi ordenado padre. Destacou-se, no Brasil, por sua atuação em defesa dos povos indígenas. Em seus últimos anos de vida, trabalhou como missionário da Prelazia de Diamantino e desempenhou a função de coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Nascido em Juiz de Fora (a 261 km da capital, Belo Horizonte), João Bosco Penido Burnier concluiu seus estudos primários em casa. Em 1928, começou a preparação para o sacerdócio em dois seminários do Rio de Janeiro. Concluiu sua formação no Seminário Maior em Roma, na Itália. Durante esse período, tornou-se padre secular e cursou o mestrado em Filosofia e Teologia na Universidade Pontifícia Gregoriana. Retornou ao Brasil em 1954, quando passou a atuar como assistente para a América Latina da Companhia de Jesus e exerceu o prelado na vice província goiano-mineira dos jesuítas. Entre 1958 e 1965, foi mestre dos noviços e diretor espiritual dos juniores. Como missionário da Prelazia de Diamantino (a 182 km da capital, Cuiabá), atuou na defesa das populações indígenas e dos trabalhadores rurais.

Em meados da década de 1970, viveu ao norte do estado de Mato Grosso, onde atuava junto aos índios das etnias Beiços-de-pau, Bakairi, Merure e Bororo. Em 1976, ano de sua morte, desempenhava a função de coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). No dia 11 de outubro de 1976, Burnier acompanhou o bispo Dom Pedro Casaldáliga à uma delegacia de polícia onde, após alguns minutos de tensa conversa, foi alvejado com dois tiros na cabeça por agente do Estado, falecendo em 12 de outubro de 1976, na cidade de Ribeirão Bonito (atual município de Ribeirão Cascalheira).

O objetivo da visita dos religiosos à delegacia era interceder por três pessoas que, após terem sido presas sem mandado judicial ou flagrante delito, estavam sendo torturadas: Margarida Barbosa da Silva, Yolanda Eloisa dos Santos, Santana Rodrigues de Oliveira Santos e José Pereira de Andrade. Lá, quatro policiais receberam os religiosos de forma truculenta e, até mesmo, com ameaças de morte. O padre Burnier comunicou aos soldados que informaria à hierarquia das forças de segurança sobre as arbitrariedades que estavam sendo cometidas ali. Como resposta, foi agredido com uma bofetada pelo soldado Ezy Ramalho Feitosa, que ainda o atingiu no rosto com o revólver e desferiu-lhe um tiro.

Gravemente ferido, o religioso foi internado no Instituto Neurológico de Goiânia (GO), mas não resistiu e faleceu. O corpo de Burnier foi enterrado no cemitério dos Jesuítas, em Diamantino.

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