Apesar do esforço e dos investimentos em tecnologia feitos pelas operadoras de celular, reconhecido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as fraudes no serviço continuam crescendo, segundo balanço divulgado hoje.
A agência contabilizou entre janeiro e agosto deste ano um número de reclamações somente sobre clonagem de celulares 57% maior que o registrado em todo o ano de 2004.
O balanço apresentado pelo presidente da agência, Elifas do Amaral, aos senadores da Comissão de Infra-Estrutura do Senado revela que neste ano a central de atendimento da agência recebeu 7.380 reclamações sobre clonagem, contra 4.694 durante os 12 meses de 2004.
O número preocupa a Anatel principalmente pela dimensão que ganhou nos dois últimos anos. Em 2003, as reclamações registradas sobre o assunto somavam 603.
Técnicos da agência estimam, no entanto, que o número mensal de fraudes envolvendo celulares no Brasil já atinjam cerca de 100 mil registros, incluindo o uso de documentos falsos, desvios e roubos de equipamentos, uso indevido de informações por funcionários das empresas, fraudes técnicas e também a clonagem. Esse número, no entanto, não é captado oficialmente pela Anatel.
Com base apenas nas reclamações dos usuários, a Vivo lidera o número de celulares clonados, com 4.067 reclamações apenas em 2005, da quais 2.057 somente em São Paulo. A Claro aparece em segundo lugar com 1.293 registros, a Telemig Celular em terceiro, com 1.088 reclamações, e a TIM em quarto com 581.
A clonagem ocorre quando um aparelho é reprogramado para transmitir o código de um assinante e o código de outro aparelho. Dessa forma, as ligações feitas pelo fraudador são debitadas na conta do celular clonado.
Esse tipo de fraude é mais comum quando o usuário está em “roaming” (fora da área original do telefone), quando alguns celulares passam a operar no sistema analógico, que tem menos proteção contra fraudes que as tecnologias digitais. As empresas que optaram pela tecnologia GSM têm registrado menos problemas com clonagem via captação de sinal radioelétrico, mas há problemas de cópia do chip (cartão de identificação do usuário e da linha telefônica) utilizado por esse tipo de aparelho.
Para tentar reduzir essas fraudes, as operadoras que atuam num mercado de 78,9 milhões de usuários decidiram organizar um cadastro nacional de celulares considerados “impedidos”, com informações integradas online sobre todos os aparelhos que não poderiam ser habilitados por outra companhia por envolvimento em algum tipo de fraude, independentemente da tecnologia utilizada por cada empresa.
A Anatel também estuda a possibilidade de redistribuição das faixas de freqüências para que as empresas possam prestar o serviço 100% digital em todo o território nacional, inclusive em “roaming”. Hoje isso não é possível, por exemplo, com a tecnologia CDMA utilizada somente pela Vivo, pois a empresa não tem cobertura nacional. Com essa redistribuição, a agência poderia desativar completamente o sistema analógico.
A Anatel mantém em seu site (www.anatel.gov.br) informações aos usuários de celular sobre como prevenir a clonagem e que providências devem ser tomadas em caso de fraude.