Número de acidentes envolvendo aeronaves em Mato Grosso é o menor em oito anos. Dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontam que no Estado foram registrados 10 acidentes aéreos no ano passado. O número é o menor desde 2007, quando 31 acidentes foram informados. Se comparado ao ano de 2013, quando ocorreram 20 acidentes, o número de sinistros caiu 50%. Segundo especialistas, a maior fiscalização, investimentos em tecnologia e treinamentos contribuem para essa redução.
No Estado, o maior número de acidentes ainda ocorre com aviões usados na pulverização das lavouras com venenos agrícolas, em regiões onde o plantio é mais comum, como Lucas do Rio Verde, Tangará da Serra e Primavera do Leste. Segundo a Anac, dentre as maiores causas de acidentes estão a manutenção vencida e realizada de forma irregular, alteração do interior das aeronaves sem certificação e autorização e suspeita de execução de táxi-aéreo clandestino.
Comandante aéreo e consultor de segurança aérea, Josemar Trampusch explica que o aperfeiçoamento na área da aviação é o principal fator que tem contribuído para que cada vez o número de acidentes seja menor não só no Estado, como também no país. Mas ele lembra que o maior acerto se dá quando todo o protocolo de segurança é seguido, tanto pelos pilotos quanto pelas empresas.
Conforme ele, o Estado tem área extensa e somado ainda a qualidade das pistas de pousos, que muitas vezes não oferecem condições necessárias para um bom pouso ou decolagem, o protocolo de segurança é primordial para um bom voo. O especialista afirma que melhorias que abrangem desde a regulamentação, o processo de investigação e prevenção, além do aperfeiçoamento e investimento na reciclagem para pilotos, têm realmente feito diferença no meio. “Todo esse trabalho maciço é sem dúvida primordial na área”.
Ele lembra que a queda no número de acidentes é muito positiva, levando em consideração que o número de aeronaves no Estado aumentam a cada ano.
Além desses pontos, outro fator importante que tem feito diferença é a cobrança dos próprios profissionais da área quanto aos regulamentos e o programa de manutenção. Piloto há seis anos, Paulo Moreira, de 30 anos, conta que além das fiscalizações realizadas pelos órgãos responsáveis, os próprios profissionais também precisam estar atentos e conscientes quanto à segurança da aeronave. “Todas as vezes em que se tem um voo, é necessário averiguar tudo. Verificar se foram feitas as manutenções, o plano de voo, e caso haja irregularidades o piloto deve se recusar a voar e denunciar”.
Ações – Conforme a Anac, as fiscalizações ocorrem de forma programa, não-programada e motivada por denúncia. Além das atividades de fiscalização “in loco”, a Anac tem investido fortemente em ações de fiscalização indireta. Todas as aeronaves civis brasileiras são controladas pelo Sistema de Aviação Civil e seus dados são frequentemente atualizados junto à Anac. Ou seja, todas as aeronaves e pilotos da aviação civil, brasileiros ou não, que utilizam o espaço aéreo brasileiro e os aeródromos do país estão sujeitos às fiscalizações da Agência.
Outra ação desenvolvida pela Anac e pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão do Comando da Aeronáutica, verifica em tempo real a situação de conformidade de pilotos e da aeronave com relação às bases de dados da Anac de forma a cruzá-los e evitar a decolagem de voos que possuam alguma irregularidade.