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Nortão: piloto de avião que ficou 3 dias na mata sobreviveu comendo bolachas e usando capacete

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Redação Só Notícias (fotos: reprodução/arquivo)

Os bombeiros de Colíder, que participaram das buscas pelo piloto Maicon Semencio Esteves, de 27 anos, que ficou desaparecido por três dias em uma floresta de difícil acesso nas proximidades de fazenda, no distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (197 km de Sinop) após o avião que pilotava cair, sobreviveu comendo bolachas. Os militares também relataram que Maicon conseguiu notar, instantes antes da queda, que havia uma estrada próxima da mata e relatou ter usado o celular, mas a bússola indicava um caminho reto pela floresta. Com queimaduras no rosto e braços, ele caminhou pela floresta fechada e relatou, instantes após ter sido encontrado, que era impossível fazer o deslocamento em linha reta, já que é preciso contornar árvores e cipós. Nessas voltas ele se perdeu, não encontrou a estrada e andou muito mais do que esperava andar.

Consta ainda que, para proteger o rosto dos espinhos e insetos (principalmente à noite) o piloto ficou com capacete de voo, e isso dificultou ouvir os rojões que as equipes de buscas soltaram durante os 3 dias de buscas além dos chamados que foram feitos. Ele estava macacão que muitos pilotos usam durante suas atividades profissionais. A terça-feira foi o dia que os bombeiros mais fizeram buscas e permaneceram mais tempo na mata. Ontem, no início da tarde, quando o encontraram, à beira de um riacho, estava cansado sem condições de caminhar devido ao cansaço, tinha feridas abertas e insetos causando mais danos à pele.

Maicon estava a cerca de 2 quilômetros do local onde ocorreu a queda da aeronave deitado às margens de um rio (cerca de 1,5 km mata dentro), debilitado, com algumas queimaduras no braço e no rosto devido ao fogo que destruiu praticamente todo o avião. Ele foi levado até União do Norte e transferido para o Hospital Regional de Peixoto de Azevedo onde deve ficar internado mais alguns dias. Além dos bombeiros, ajudaram nas buscas policiais militares e diversos voluntários – funcionários da fazenda onde há a mata.

Esta manhã, o clínico geral do Hospital Regional de Peixoto, José Agnaldo Paranhos Solto disse, em entrevista, ao Só Notícias, que Maicon não resistiria mais um dia na floresta. “Chegou muito debilitado e desidratado com múltiplas lesões nos membros superiores e no rosto causadas tanto pela explosão quanto do sol. Apresentava algumas lesões de necrose do tecido. Se ele tivesse sido encontrado hoje estaria morto. Provavelmente não aguentaria passar mais uma noite na mata. A função renal dele já estava bastante comprometida. Chegou com a creatinina elevada, sinal de desidratação e insuficiência renal. Se continuasse na mata, no máximo de 6 a 8 horas entraria em choque e seria muito difícil reverter a situação”, explicou o médico

Maicon seguirá internado e não tem previsão de alta. “Iniciamos com antibióticos e reposição. Agora o paciente está consciente, conversando e bastante cooperativo. Já se alimentou tendo uma evolução positiva. Não teve nenhum fratura. O mais grave foram as queimaduras. Não será necessária transferência. Temos condições de mantê-lo por aqui, mas essa decisão também depende da família”, acrescentou.

O proprietário do avião, Nelcir Mauro Formehl confirmou que a aeronave estava sendo levada para ser avaliada em uma possível venda em Alta Floresta, mas acabou caindo e pegando fogo em uma floresta no distrito de União do Norte, no último sábado. Segundo consta no Registro Aeronáutico Brasileiro, a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) cancelado. O procedimento não havia sido renovado desde setembro de 2010. “Esse avião foi comprado no ano passado e foi feita toda a revisão dele, mas não havíamos lançado ainda no sistema [da Anac]. Estava parado no Rio Grande do Sul, mas fizemos todas as revisões. Ele estava sendo levado para um possível comprador. Era um translado para venda”, explicou Nelcir Formehl.

A versão investigada é que Maicon decolou com o avião de Porto Nacional (TO) e seguiria até Alta Floresta. Ele faria duas paradas para abastecer em Confresa e, depois, seria em Matupá (próximo do local onde houve a queda). Após isso, seguiria a Alta Floresta, mas quando sobrevoava a floresta num voo rasante acabou caindo com a aeronave na região de Peixoto possivelmente por pane seca.

A causa do acidente ainda será investigada pelo Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa). Maicon também deve ser ouvido pela equipe para esclarecer a situação.

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