Mato Grosso é um dos Estados que tem o maior potencial de pesca esportiva e profissional do país. Nas duas modalidades, a atividade – que é considerada uma ferramenta importante para a conservação e o desenvolvimento sócio-econômico do Estado, não dispõe de informações que permitam implantar políticas visando à sustentabilidade do setor.
O assunto foi tema de seminário promovido nesta sexta-feira , pelo Governo do Estado, via Secretaria de Desenvolvimento do Turismo e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O objetivo é criar um sistema de controle, em parceria com instituições ligadas à pesca, que permita avaliar qual o número de pescadores que utilizam os rios mato-grossenses, a quantidade de peixe que é retirada e a evolução da atividade ao longo dos anos, para evitar o colapso do setor. “Para tomar decisões, é preciso ter informação. A partir desse seminário, vamos propor um plano de ação, com formulários que serão preenchidos pelos pescadores e nos permitam monitorar a pesca no Estado”, disse a Secretária de Turismo de Mato Grosso, Yêda Marli Assis.
Em Mato Grosso do Sul, um sistema de controle da pesca implantado há dez anos, mostra que de 1994 para 2001 ouve redução de 800 para 500 toneladas de peixe/ano na pesca esportiva. Já na pesca profissional, praticamente não houve variação, girando em torno de 300 a 400 toneladas de pescado/ano. Os estudos mostram ainda que o número médio mensal de pescadores esportivos que atuaram na Bacia do Alto Paraguai no Estado, começa em fevereiro, após a piracema, com cerca de 3 mil pescadores e atinge o pico em setembro, com cerca de 11 mil pescadores, no período entre 1994 e 1999.
Em Mato Grosso, o assunto interessa diretamente há 22 municípios onde já existem campeonatos de pesca esportiva consolidados e a cerca de 6.400 pescadores profissionais que compõem as 12 colônias da Federação de Pescadores do Estado. Nos dois setores, a preocupação é mostrar que não é a pesca, e sim a poluição dos rios, que provoca a redução dos estoques pesqueiros.
Lindemberg Gomes de Lima, presidente da federação de pescadores, considerou que a quantidade de esgotos sem tratamento e dejetos lançados sobre o rio Cuiabá é que acabaram com os peixes da baixada cuiabana. “Nós precisamos desses dados e vamos colaborar com a pesquisa”, disse.
Claumir Cézar Muniz, coordenador do Campeonato de Pesca de Mato Grosso e do Festival Internacional de Pesca de Cáceres, considerou importante saber quem realmente está usufruindo dos recursos pesqueiros de Mato Grosso. “A gente não sabe quanto o pescador profissional e o amador tiram do rio. Fica complicado traçar uma política sem esses dados”, argumentou.
Participaram do seminário representantes de instituições ligadas à pesca, das colônias de pescadores do Estado e do setor turístico pesqueiro. “Nosso objetivo é buscar subsídios junto a esse público para implantação de um sistema de controle de pesca adaptado às condições do Estado”, concluiu Agostinho Catella, palestrante da Embrapa/MS.