A juíza da 1ª Vara Criminal, Rosângela Zacarkim, negou o pedido de liberdade ou conversão em prisão domiciliar, formulado pela defesa de uma das acusadas de envolvimento no assassinato de Roseli Ribeiro de Melo, 44 anos, em fevereiro deste ano, na estrada Nanci. A defesa alegou excesso de prazo e justificou ainda que a suspeita tem “bons antecedentes, possui endereço fixo e trabalho lícito”. Em relação à concessão da prisão domiciliar, a defesa alegou ser a acusada “portadora de distúrbio na tireoide, bem como hemorragia em virtude de um ferimento intra-uterino”.
Para a magistrada, no entanto, não houve “qualquer alteração fático-jurídica apta a ensejar a revogação do decreto de prisão preventiva”. Ela destacou que os predicados pessoais apresentados pela defesa “não são por si sós, suficientes para revogar a prisão preventiva, considerando ainda, os indícios de autoria e materialidade presentes no caso em comento”. Ao se manifestar sobre a possibilidade conversão em prisão domiciliar, a juíza (foto) apontou que “não há, nos autos, informações acerca da negativa de atendimento médico por parte da direção do presídio daquela localidade (Nortelândia), bem como que a defesa não apresentou documento comprobatório da enfermidade da ré”.
As duas acusadas foram ouvidas em audiência de instrução e julgamento, na segunda-feira (21). A instrução processual do caso já foi encerrada. A magistrada abriu prazo para alegações finais e, em seguida, decidirá se as duas suspeitas irão a júri popular.
Conforme Só Notícias já informou, informações apuradas pelos investigadores da Polícia Civil apontam que um relacionamento extraconjugal, entre a vítima e o esposo de um das duas acusadas, pode ter sido, supostamente, a motivação do crime. Consta no processo que, em fevereiro, a filha da vítima comunicou à polícia o desaparecimento. Em abril, a jovem entrou novamente em contato com um investigador, para relatar que havia recebido uma ligação telefônica, feita do número utilizado pela vítima. Segundo diversas testemunhas, ao ser questionada sobre o desaparecimento, uma das duas suspeitas sempre insinuava que Roseli estaria viva e bem.
A mulher ainda teria, em certa ocasião, perguntado ao sobrinho se “caso alguém pegasse no cabelo de uma pessoa e arrastasse ficaria as marcas das digitais no cabelo da vítima?”. O rapaz ainda respondeu que seria possível “sumir” com as provas de um homicídio utilizando ácido ou soda cáustica. O diálogo foi presenciado pela outra acusada, esposa do homem que teria tido envolvimento com Roseli. Do celular dele teria partido a ligação para a filha da vítima.
As duas mulheres foram presas em cumprimento de ordem judicial (prisão temporária) e confessaram participação no brutal assassinato de Roseli. O corpo foi enterrado em uma vala, na estrada Nanci, e localizado no dia 26 de maio por policiais civis. Elas ainda relataram ter jogado soda na vítima, no intuito, de “derreter” o cadáver localizado após 55 dias do desaparecimento.
Três investigadores e dois peritos acompanharam uma das suspeitas presas e refizeram o trajeto, onde se encontraram com Roseli e lhe ofereceram carona até o Camping Clube, onde morava. "Seguimos pela MT-220, conversando com ela, normalmente, até chegarmos na estrada Nanci. Ali a matamos com pauladas e facadas e escondemos o corpo na mata", relatou uma das acusadas.
Ambas foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual e respondem por homicídio triplamente qualificado, cometido por motivo torpe, meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.