Empresas do transporte público de Cuiabá apresentaram novo estudo para a tarifa no valor de R$ 3,10 e afirmam que caso o valor não seja aprovado, haverá corte de gastos para evitar um “colapso” no setor. Já os trabalhadores ameaçam greve se os salários não forem pagos até amanhã, quinto dia útil do mês. Para a representante dos usuários de ônibus no Conselho Municipal de Transportes, Marleide de Oliveira, as atitudes nada mais são do que “manobras” para pressionar um aval à nova tarifa.
Segundo o presidente da Associação Mato-grossense de Transporte Urbano (AMTU), Ricardo Caixeta, desde a redução da passagem de ônibus para R$ 2,60, no final do ano passado, as empresas passaram a enfrentar dificuldades para custear as despesas. Ele diz que nas últimas duas reuniões do Conselho Municipal de Transportes, o problema foi exposto para que fosse avaliado. Utilizando uma tabela de dados da Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) e do Ministério Público do Estado (MPE), a entidade propôs o aumento de R$ 0,50 na tarifa, chegando a R$ 3,10. O preço é ainda mais alto ao anteriormente pago em Cuiabá desde o início das manifestações populares pela sua redução.
Caixeta justifica que pela ausência de política de isenção de impostos para o transporte público na capital, as empresas são as responsáveis por todo o custo de manutenção da frota de ônibus. Diante disso, os gastos não estariam sendo integralmente liquidados com a arrecadação proveniente da tarifa. De acordo com a AMTU, o fluxo de usuários na cidade é de 320 mil por dia. A entidade não soube informar à reportagem qual o atual valor dos custos para manutenção do setor.
Resultado dessa dificuldade, foi o atraso de 20 dias no pagamento dos salários dos motoristas e cobradores em janeiro. Presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestres de Cuiabá e Região, Ledevino Conceição, afirma que a categoria teme que a situação volte a se repetir em fevereiro. Segundo ele, em assembleia geral no último dia 31 de janeiro, trabalhadores aprovaram uma paralisação em caso de atrasos de salários. “Não haverá mais tolerância com atrasos. Diferente do que aconteceu em janeiro, quando esperamos 20 dias até receber, faremos greve já no primeiro dia de atraso”.
Sindicalista acredita ainda na possibilidade de demissões e retirada de ônibus de circulação como parte de uma medida de contenção de gastos das empresas. “Desde a redução da tarifa, cerca de 40 trabalhadores foram cortados, além de linhas removidas”.