Após mais de oito horas de julgamento, Jeanderson Xavier Rangel, 25 anos, foi condenado a 43 anos e dez meses de prisão. Os jurados reconheceram que ele matou a tiros a ex-namorada Ariely Lopes da Silva, 20 anos, e o filho Emilton Jorge Neto, 4 anos. O júri foi presidido pela juíza da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, Mônica Catarina Perri Siqueira, e realizado em Cuiabá.
Para os jurados, a morte de Ariely recebeu duas qualificadoras, motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Já para o menino, foram 3 as qualificadoras, motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A pena em relação à morte de Emilton foi aumentada em 1/3, porque a vítima possuía apenas 4 anos de idade.
A defesa tentava obter duas reduções na pena com a transformação da morte de Emilton em homicídio culposo e com o acolhimento do argumento de que, com relação ao assassinato de Ariely, Jeanderson teria agido sobre violenta emoção.
Para os jurados, nenhuma das duas coisas ocorreu. Jeanderson teria matado os 2 após ter sido chantageado por ela com uma suposta gravidez e acionado na Justiça para o pagamento da pensão do filho. Após ter matado os 2, ele chegou a se encontrar com o pai de Ariely, o policial militar Emilton Jorge Silva, 47. "O comportamento do acusado nas horas subsequentes ao crime demonstra, sem sobra de dúvidas, sua frieza, malvadez, ausência de afeto em relação à vítima Ariely, bem como ao seu próprio filho Emilton", afirma Perri na sentença.
Jeanderson, preso há 3 anos, não poderá recorrer da sentença em liberdade. Ele segue preso, ocupando uma cela no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC).
O júri – além do acusado, cinco pessoas foram ouvidas durante o julgamento. O policial militar Emilton Jorge Silva, 47, pai e avô das vítimas prestou depoimento como informante e relembrou da relação da filha com o réu e do dia dos crimes.
Emilton relembrou ainda o fato de Jeanderson ter o procurado no dia das mortes para levar dinheiro, supostamente para aquisição de medicamentos para o menino. Na ocasião, chegou a convidar o rapaz para visitar o filho no final de semana e o levá-lo para cortar o cabelo.
A irmã da vítima, Ariadne Lopes, 21, como informante, declarou de que maneira encontrou o corpo das vítimas no dia dos assassinatos. Ela voltava da escola e encontrou o portão da casa aberto e Ariely caída do lado de fora da residência. Ariadne demorou a ver que a irmã estava morta, pois o sangue já estava seco. Ela afirmou ainda que o corpo dela estava queimado do sol. Ariadne pediu por socorro e a vizinha foi até o local.
A prima Jellian Lopes e a tia Josimeire da Silva afirmaram que presenciaram Jeanderson ameaçar de morte a ex-namorada, em momentos distintos. As duas destacaram que Ariely amava o réu e não acreditava que ele pudesse fazer algo contra ela.
A ex-namorada do réu, Kethlyn Jackelyne, 20, alegou em depoimento que esteve com Jeanderson no dia do crime, ás 22h aproximadamente. Ela também afirmou que estava junto, quando o acusado soube da morte do filho. Segundo Kethlyn, Jeanderson chorava muito, e ela quase acreditou em seu teatro.
Sobre a acusação de que ela estaria envolvida no crime, a ex-namorada disse que Jeanderson a acusou porque estava revoltado. Ele chegou a pedir para que ela mentisse, porém ela afirmou que já estava resolvida com a polícia.
Durante o julgamento, o réu afirmou que atirou no filho acidentalmente, após uma briga com Ariely. A defesa trabalha com a tese de homicídio culposo, em relação ao menino. Já em relação a mãe da criança, a defesa alega que Jeanderson estava sob violenta emoção.
O crime aconteceu no começo de novembro de 2012, no bairro Serra Dourada, região do CPA, em Cuiabá.
As vítimas foram assassinadas em casa. De acordo com a polícia técnica, a jovem teria sido morta primeiro. Ariely levou um tiro no braço, o que indica que ela tentou se defender, outro na nuca e um terceiro na testa. O garoto foi morto com um tiro na cabeça enquanto dormia.
Jeanderson já havia sido condenado em 2008 por roubo e estava cumprindo a pena em regime semi-aberto. Em uma checagem inicial, o delegado disse que ele também é acusado de outro homicídio.